08/04/1 942
Meus amigos, Deus vos conceda muita paz. Venho agradecer-lhes a cooperação amiga no novo trabalho que estais a finalizar. Essa contribuição foi muitíssimo valiosa para mim, e agradeço-a, de todo coração. É um esforço cuja idealização havia formado desde muito e não vos posso dizer da grata satisfação que a realidade do serviço me trouxe ao espírito. Agora estudaremos, com a serenidade do tempo, o melhor modo de apresentação. Um volume ou dois, as 365 páginas? Quem sabe? Temo que o livro se torne excessivamente volumoso! Por falar em livro volumoso, dentro de breves dias haveis de receber Paulo e Estêvão em restituição. É um trabalho que não seguirá o curso dos outros, quanto à sua veiculação na massa popular. Segui o processo de sua formação na livraria e posso dizer da extensão exigida pelo trabalho. Fiz o possível por sintetizar, mas a vida de Paulo e Estêvão não podia sofrer maior exiguidade, além daquela que me foi possível imprimir. A princípio, surgiu, entre os nossos amigos do Rio, a ideia da biografia dividida em dois volumes. Mas trabalhei contra ela. Um serviço em dois volumes costuma falhar ao impositivo da educação fácil. A ideia de um volume só, apesar de volumoso, ficou. Entretanto, o tamanho da obra a encareceu vivamente! Consola-nos o saber que não existem livros sobre a figura de Paulo menos baratos, apesar de terem surgido em outro tempo que não este, em que os impostos, as leis trabalhistas, os aluguéis, os empregados e tanta coisa mais condizente com o vosso mundo de preços exorbitantes para os pequeninos objetos materiais justificam o custo elevado desses esforços. A luta não foi pequena, mas o livro estará, de volta, em pouco tempo. Será como um filho enviado ao alfaiate que, pela carência da vida, não no-lo vestiu senão a preço forte! É difícil, mas o que se há de fazer? Pagaremos os preços e o trabalho de gastar a roupa há de prosseguir naturalmente. Esperemos. Quanto à nossa irmã de Santos, lamento não poder penetrar no assunto de sua impressão emotiva atual. É o limite da seara, que não podemos nem devemos ultrapassar. Que ela se console , porque, se formos examinar a questão muito adentro, a melhor posição é a da caridade silenciosa, porque desfalques por desfalques já demos numerosos na “caixa” de Cristo. No entanto, a oportunidade ainda está viva para nós. Podemos trabalhar. Podemos pagar. Trabalhemos e paguemos. Ah, o silêncio, o silêncio!!! Mas o mundo é de ruídos na parte que concerne a serviços dos homens e temos de marchar assim mesmo! No capítulo do serviço de Deus, o sol ilumina um hemisfério inteiro sem a menor parcela de barulho perturbador. Boa noite para todos. Muita saúde ao General. E que Deus nos abençoe. Vosso irmão e servo humilde,
Notas da Organizadora:
Penso que Emmanuel se referiu ao livro Renúncia, com prefácio datado de 11 de janeiro de 1942 e primeira edição em 1943, pela FEB.
Penso tratar-se de uma senhora que visitava o Chico e que comparecia às reuniões públicas e, se não me engano, mantinha um orfanato em Santos.