Deus Conosco

Capítulo CCCXCIX

A obra da unificação



Irmãos, meus votos de paz e que o Senhor da Seara vos abençoe o pensamento e o coração.

A obra da confraternização espiritista no Brasil, cuja tarefa no seio dos povos do planeta está nos grandes objetivos da revivescência do Cristianismo, deve constituir assunto de relevância para quantos trazem os seus olhos e os seus esforços voltados para o Alto, de onde vela o nosso divino Mestre pelos destinos do mundo.

Enquanto as forças reacionárias se congraçam em largos movimentos, dentro das vibrações densas e antagônicas do reino de César, procurando o amparo transitório da política do mundo, constitui um impositivo sagrado a reunião das forças espirituais no sentido de conduzir o estandarte luminoso de Jesus na ampla movimentação da reforma, a principiar de cada um, no íntimo dos corações.

Ninguém pode contestar a excelência da missão do Brasil como pátria do Cristianismo revivido e ao Espiritismo, dentro das suas grandiosas lições de fraternidade e solidariedade, cabe o papel de coordenar todos os elementos, dentro do mecanismo social, projetando as suas claridades em todas as suas instituições. A sua feição religiosa nas plagas do Cruzeiro, constitui, irretorquivelmente, o característico essencial daquele Consolador prometido à humanidade pela paz compassiva e misericordiosa de Jesus.

Enquanto se multiplicam na Europa os laboratórios e os centros de experimentação, a Doutrina no Brasil satura de fé e de claridade todos os corações, preparando a cultura geral do futuro, escoimando-a de todos os prejuízos seculares, impostos pelos dogmas religiosos e pelos dogmas científicos.

Um sopro de verdades consoladoras purifica o ambiente das sacristias e o recinto dos núcleos universitários, organizando-se, automaticamente, o grande cenário da educação do porvir, da época de claridades espirituais, que assinalará a elevação do orbe na categoria dos mundos. Felizes vós, os chamados à grande tarefa, e que saibais guardar no coração o imperativo do dever, preocupando-se com as realidades dos escolhidos.

Incontestavelmente, a humanidade há atingido, na atual civilização, um de seus períodos culminantes no que se refere à evolução geral. Nele o materialismo grassa enquanto o homem terrestre estaciona espiritualmente, perplexo e aturdido. É por essa razão que os mais extraordinários benefícios da civilização, nos tempos modernos, são canalizados para a destruição. O homem espiritual, estacionário e refratário na senda evolutiva, transformou o homem material, cheio de cientificismo, numa criança inconsciente. Todavia, não duvidemos. O Espiritismo, conduzindo os homens à mais ampla fraternidade, operando indiretamente o sincretismo religioso no quadro dos conhecimentos humanos, já tem feito uma grande diferença em seu meio século de existência organizada no planeta.

As vozes do Céu, as revelações do túmulo têm consolado e esclarecido a muitas almas. Uma avalanche de conhecimentos novos orientou novamente a doutrinação da cátedra e dos altares, e a verdade vai libertando uma aluvião de Espíritos, livrando-os do aguilhão da ignorância. Um novo organismo de leis, baseado na solidariedade e na justiça econômica, se processa nas profundezas da mentalidade humana. O parto dessas realizações é doloroso. O homem será chamado às mais pesadas contribuições de sofrimento e de sangue. As sombras tentarão as suas derradeiras arremetidas sob a luz, mas a verdade se erguerá muito alto, santificando o esforço penoso das gerações.

O Espiritismo, pois, meus amigos, já fez derribar preconceitos seculares, encaminhando os homens para as mais sublimes realidades da vida. O mundo atual, embora encarcerado no antagonismo das vibrações as mais contrárias, espera alguma coisa. Todos os corações se inclinam para a revelação de uma outra vida melhor. Os interesses inferiores se congregam para as últimas batalhas. As doutrinas do isolamento conduzirão o homem do século XX às horas mais terríveis no capítulo das guerras inevitáveis, mas o coração humano sente, em si mesmo, a promessa de Jesus, que se fará cumprir integralmente, preconizando a humanidade do futuro com suas novas concepções de fraternidade e de justiça no “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”! (Jo 15:12)




Nota do Editor: Mensagem recebida por Chico Xavier no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo | MG, sem referência de data.