Em nossa reunião da noite, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos dera para estudo o item 4 do capítulo XXV, () referente à necessidade do trabalho como recurso de aperfeiçoamento e evolução. Tivemos os comentários habituais. Após a reunião tive de ir a um telefone público no centro da cidade. E na rua fui abordado por um companheiro que até então não conhecia.
Disse-me ele estar chegando da cidade de Ribeirão Preto e declarou-se em grande desalento. Desejava uma palavra do Alto e me informou haver sonhado, na noite da véspera, com o poeta Juca Muniz de quem fora amigo em Salesópolis, Estado de São Paulo, dando-lhe respostas a várias perguntas.
Surpreendido pelo que ouvia e trazendo no bolso o original da mensagem que recebera na sessão, momentos antes, do referido poeta, dei ciência ao companheiro do que ocorrera e lemos juntos a comunicação do amigo espiritual. O recém-chegado de Ribeirão Preto, de sorriso nos lábios, disse que aceitava a mensagem como sendo exclusivamente para ele.
Dei-lhe o original psicografado, mas tiramos a cópia a fim de enviá-la para publicação. Registro o acontecido na certeza de que os Amigos Espirituais organizaram a ocorrência para reconforto do nosso irmão em prova. Agradeço desde já a sua valiosa contribuição, caro Professor, nas observações doutrinárias que fizer para a nossa edificação geral.
Jamais te digas inútil E deixa a ideia do azar, Cada pessoa no mundo Tem um dom a partilhar Escuta!… O Céu nota e vê O teu passo hora por hora… Deus necessita de ti Onde te encontras agora. Prova na escola da vida, Ensino que vai e vem… Desânimo não resolve, Nem auxilia a ninguém. Felicidade, a rigor, Tal qual se busca entender; É a gente dar-se, de todo, Ao que se deve fazer. Se queres paz e alegria Ouve este aviso comum: Não desistas do trabalho, Nem guardes remorso algum. O que tens, seja alegria, Saúde, corpo doente, Encargo, inércia, penúria, Tudo começa na mente. Qualquer recurso no tempo, Alegria, luz e paz, Treva, aflição, amargura, Vem daquilo que se faz. Trabalha. Nada reclames. Desajustes passarão. Serviço silencioso É base de promoção. |
Os estudos de Freud sobre os sonhos marcam um momento significativo na evolução dos estudos psicológicos modernos. Sem querer e até mesmo sem o perceber, o gênio vienense batia na porta certa do castelo da alma. O ceticismo de Freud não lhe permitiu entrar pela porta, mas coube ao seu discípulo Karl Jung aventurar alguns passos nesse sentido. Jung era médium e relata episódios curiosos nas suas memórias, referentes a fenômenos mediúnicos ocorridos com ele na presença do mestre. Hoje, psicanalistas mais audaciosos, como Jean Ehrenwald, apoiados na franquia parapsicológica, investigam os sonhos paranormais e procuram utilizá-los na clínica.
Kardec — quando Freud estava ainda na primeira infância — realizou pacientes e profundas investigações sobre a libertação da alma durante o sono. Esse trabalho, realizado na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, foi publicado na Revista Espírita e pode hoje ser consultado pelos estudiosos. A coleção da Revista, em 12 volumes, foi traduzida integralmente pelo Engº Júlio Abreu Filho e editada em São Paulo pela Edicel.
Chico Xavier recebeu psicograficamente, na série Nosso Lar, de André Luiz, e em outros escritos, descrições curiosas dos espíritos sobre a influência espiritual em nossas vidas através dos sonhos. E o episódio que nos relata constitui uma prova espontânea da legitimidade da teoria espírita dos sonhos, constante de O Livro dos Espíritos. () Uma prova a mais, pois na verdade são muitas as provas espontâneas dadas em todo o mundo.
Como vemos no episódio citado, o poeta Juca Muniz atendeu aos apelos do amigo através do sonho. E para confirmar o sonho, psicografou os seus versos pela mediunidade de Chico Xavier, antes que aquele chegasse a encontrar-se com o médium. As tentativas de explicação telepática desse episódio só podem partir de pessoas sectárias. As provas parapsicológicas dos fenômenos theta e a identificação do poeta comunicante desfazem a hipótese de telepatia.