Doutrina e Vida

Capítulo XIII

Palavras aos médiuns



[Minha irmã, que a Paz do Senhor nos felicite os corações.]

Mediunidade com Jesus é serviço aos semelhantes.

Desenvolver esse recurso é, sobretudo, aprender a servir.

Aqui, alguém fala em nome dos Espíritos desencarnados;

ali, um companheiro aplica energias curativas;

além, um cooperador ensina ao roteiro da verdade;

acolá, outrem enxuga as lágrimas do próximo, semeando consolações.


Entretanto, é o mesmo poder que opera em todos. É a divina inspiração do Cristo, dinamizada através de mil modos [diferentes] para reerguer-nos da condição de inferioridade ou para sanar-nos o sofrimento [ao título de herdeiros do Eterno Pai.]

E nessa movimentação bendita de socorro e esclarecimento, não se reclama os títulos convencionais do mundo, quaisquer que sejam, porque a mediunidade cristã, em si, não colide com nenhuma posição social, constituindo fonte do Céu a derramar benefícios na Terra, por intermédio dos corações de boa vontade.

Em razão disso, antes de qualquer sondagem das forças psíquicas no sentido de se lhes apreciar o desdobramento, vale mais a consagração do trabalhador à caridade legítima, em cujo exercício todas as realizações nobres da alma podem ser encontradas.

Quem desejar a verdadeira felicidade, há de improvisar a felicidade dos outros; quem procure a consolação, para encontrá-la, deverá reconfortar os mais desditosos da humana experiência.

Dar para receber.

Auxiliar para ser amparado.

Esclarecer para conquistar a sabedoria e devotar-se ao bem do próximo para alcançar a bênção do amor.

Eis a lei, que impera igualmente no campo mediúnico, sem cuja observação, o colaborador da Nova Revelação não atravessa os pórticos das rudimentares noções de vida imperecível.

Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender às determinações do auxílio mútuo.

Nesse terreno, [portanto,] há muito que fazer nos círculos da Doutrina Cristã rediviva, porque não basta ser médium para honrar-se alguém com as vantagens da luz, tanto quanto não vale possuir uma charrua perfeita, sem a [sua] aplicação respectiva no esforço da sementeira.

A tarefa pede fortaleza no serviço com raciocínio no sentimento.

Sem maturidade para superar a desaprovação provisória da ignorância e da incompreensão e sem as fibras harmoniosas do carinho fraterno para socorrê-las, com espírito de solidariedade real, é quase impraticável a jornada para a frente.

Os golpes da sombra martelam o trabalho iluminativo da mente por todos os flancos e preciso se torna ao instrumento humano da verdade [divinas] armar-se convenientemente na fé viva e na boa vontade incessante, a fim de satisfazer aos imperativos do ministério a que foi convocado.

Age, assim, com isenção de desânimo, sem desalento e sem inquietação, em teu apostolado de esclarecer e de auxiliar.

Estende as tuas mãos sobre os doentes que te busquem o concurso de irmão dos infortunados, na certeza de que o Senhor é o Manancial de todas as Bênçãos.

O lavrador semeia, no entanto, é a Bondade Divina que faz desabrochar a flor e preparar-se o fruto.

[É] indispensável marchar de alma erguida para o Alto, vigiando, embora as serpes e [dos] espinhos que povoam o chão.

Diversos amigos se revelam interessados em tua tarefa de fraternidade e luz e não seria justo que a hesitação te paralisasse os impulsos mais nobres, tão somente porque a opinião do mundo te não entende os propósitos, nem os objetivos da Esfera espiritual, de maneira imediata.

Não importa que o templo seja humilde e que os mensageiros compareçam na túnica de extrema simplicidade.

O Mestre Divino ensinava a verdade à frente de um lago e costumava administrar os dons celestes sob um teto emprestado; além disso, encontrou os companheiros mais abnegados e fiéis entre pescadores anônimos, integrados na vida singela da Natureza.

Não te apoquentes, [minha irmã,] e segue com serenidade.

Claro está que ainda não temos seguidores leais do Senhor sem a cruz do sacrifício.

A mediunidade é um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanço da subida, calvário acima, os acúleos se transformam em flores e os braços da cruz se transformam em asas de luz para a alma livre na imortalidade.

Não desprezes a oportunidade de servir e prossegue de esperança robusta.

A estância física é uma estrada breve. Aproveitamo-la sempre que possível na [sublime] sementeira do Bem.


Em suma, ser médium no roteiro cristão, é doar de si mesmo em nome do Mestre.

E foi Ele que nos descerrou a realidade de que somente alcançam a vida verdadeira aqueles que sabem perder a existência em favor de todos os que se constituem seus tutelados e filhos de Deus na Terra.


Segue, [pois,] para diante, amando e servindo.

Não nos deve preocupar a ausência de alheia compreensão.

Antes de cogitarmos do problema de sermos amados, busquemos amar, conforme o Inesquecível Orientador que nos observou: — “Amai-vos uns aos outros, tal qual eu vos amei.”




O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo bastante nas palavras marcadas e [entre colchetes] é o mesmo da mensagem original publicada em 1952 pela LAKE e é a 28ª da 1ª Parte do livro “”