Doutrina e Vida

Capítulo XVI

Unificação do Espiritismo



A unificação espiritualista constitui problema credor da mais legítima cooperação de quantos colaboram nas obras da verdade e do bem no Plano espiritual.

Difícil padronizar a interpretação, de vez que ninguém pode trair o degrau evolutivo que lhe é próprio.

Cada aprendiz da realidade universal verá de acordo com as dimensões de sua janela; ouvirá, segundo a acústica, instalada por si mesmo no santuário interior; e compreenderá, na medida de suas realizações e experiências.

Entretanto, nosso problema de união, ao que parece, não se relaciona com a exegese.

É questão de fraternidade sentida e vivida, portas a dentro da organização doutrinária, para que as obras não se esterilizem, à mingua de fé e para que a fé não pereça sem obras.

Trata-se de avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral.

Serviço de compreensão elevada, em que para unir, em Cristo, não podemos prescindir da renúncia cristã, aprendendo a ceder com proveito, no esforço de todos, com todos e para todos em favor da vida melhor.

Para isso, cremos, não é necessário invocar a interpretação que sempre define “um estado de conhecimento”, sem representar a sabedoria, e nem se reclamará o concurso da política humana que constitui “uma expressão transitória de poder”, sem consubstanciar a autoridade em si mesma.

Apelaremos, sim, para as qualidades superiores do espírito, recorreremos à zona sublime da consciência, onde os valores religiosos acendem a verdadeira luz.

Razoável que os orientadores encarnados tracem programas construtivos para a feição externa do serviço a fazer.

Em tempo algum, dispensaremos a ordem, o método e a disciplina, no templo da elevação, como forças controladoras da inteligência.

Nós outros, conclamaremos o homem interno e mobilizaremos as energias do ideal, falando ao coração.

Reunamo-nos no campo da fraternidade edificante.

Não teremos Espiritismo unido sem que nos unamos.

Debalde ensinaremos amor sem nos amarmos uns aos outros.

Não elevaremos a Doutrina sem nos elevarmos.

Aprendamos a eliminar as arestas próprias, a fim de que o espírito coletivo paire mais alto, ligando-nos à Divina 1nspiração.

Unir, para nós, deve ser aprimorar, crescer, iluminar.

Aprimoremo-nos, apresentando mais dócil instrumentalidade aos mensageiros da Vida Mais Alta.

Cresçamos em conhecimento e superioridade sentimental.

Iluminemo-nos na Esfera individual, penetrando o segredo do sacrifício para enriquecimento da vida imortal.

Em seguida, a união frutificará, em nossos círculos de trabalho qual a espiga substanciosa que premia a sementeira.

Organizemos por fora, aperfeiçoando por dentro.

Então, chegaremos sem atritos mais ásperos à aquisição de nossa unidade com o Cristo, na mesma convicção que lhe engrandeceu o verbo, quando assegurou: “Eu e meu Pai somos um.” (Jo 10:30)