“Ao anotar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola: Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no primeiro lugar; para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais considerada do que tu e; vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então irás envergonhado ocupar o último lugar. Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o ultimo lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra diante de todos os mais convivas. Pois todo o que se exalta, será humilhado; mas todo o que se humilha, será exaltado. "
(Lucas 11V, 7-11.)
É costume dos orgulhosos, que querem ostentar grandeza, ocupar na sociedade as posições mais distintas; tornarem-se salientes, para atrair atenções.
Jesus, que costumava frequentar certas reuniões em ocasiões que julgava próprias, para estudar o caráter e a psicologia das gentes, antes de propor a seus discípulos a Parábola da Grande Ceia, julgou de bom aviso ensinar-lhes que, mesmo como convivas desse “banquete espiritual", não deveriam pleitear os primeiros lugares, posições inadequadas aos que devem observar estritamente a humildade, único meio de exaltação e de conquista de mérito.
Nenhum valor tem para Jesus os que se salientam pomposamente nos primeiros lugares e praticam todas as obras que aparentemente são boas, para serem visto pelos homens; os que alargam seus filactérios, alongam suas fímbrias, e gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e de serem chamados mestres.
O conviva da “grande ceia" deve ser sóbrio, modesto, prudente, recatado, cheio de boa vontade, laborioso, e, em vez de se recostar comodamente no primeiro lugar que encontra vago em torno da mesa do banquete, deve fazer-se como o servo que, depois de bem examinar as iguarias, serve equitativamente aos convivas, segundo o paladar de cada um deles. “A cadeira de Moisés", o estudante do Evangelho já o sabe, não deve ser ocupada pelos novos convivas da “grande ceia", para que lhes não seja aplicado o libelo condenatório pronunciado pelo Mestre contra os escribas e fariseus. (Mateus 23.) A sentença do Mestre “O que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado", tem estrita aplicação a todos os que já receberam a Palavra de Jesus em espírito e verdade.
Na Parábola do Bom Servo está escrita a obrigação dos que desejam os “primeiros lugares espirituais". Não é por ocupar os “primeiros lugares na sociedade" que os obteremos. Ninguém pense galgar as eminências da glória, sem haver prestado seus serviços à causa da Verdade, sem ter experimentado, para tal fim, provas difíceis de vencer, sem haver triunfado nas lutas, sem ter vencido o mundo com suas enganadoras miragens.
Os primeiros lugares espirituais não são aqueles em que somos honrados, mas aqueles em que nos colocamos para honrar; não são aqueles em que somos servidos, mas os em que nos dão ensejo de servir. “O Filho do Homem não veio ao mundo para ser servido, mas para servir. " A Parábola de Jotam, pronunciada no crime de Gerizim, para exortar o povo de Shechem, pode ser repetida hoje aos que conquistam as glórias e querem naturalmente obter aquelas que não passam como a flor da erva: