(Tradução Livre)
Certa vez as árvores deliberaram escolher um rei. Uniram suas vozes e disseram à oliveira: reina sobre nós. A oliveira respondeu: deixarei, porventura, a minha gordura, que se usa para honrar aos deuses e aos homens, para reinar sobre árvores?
Voltaram-se as árvores para a figueira e lhe disseram: Vem, então, tu, e reina sobre nós. Mas a figueira respondeu: Deixarei, porventura, a minha doçura e as demais qualidades que possuo para reinar sobre árvores?
Em vista da recusa, as árvores se congregaram em torno da videira e disseram-lhe: Vem tu, e reina sobre nós. A videira também se escusou, dizendo: hei de deixar o meu suco que alegra aos deuses e aos homens, para dominar sobre árvores?
Então as árvores voltaram-se para o espinheiro e lhe disseram: Vem tu e reina sobre nós. Ao que o espinheiro respondeu: Se vós, na verdade, me ungis vosso rei, vinde e refugiai-vos debaixo da minha sombra; mas; se não, do espinheiro sairá fogo que devorará os cedros do Líbano.
Este apólogo, que encerra profundos ensinamentos sob o véu da letra, deixa ver bem claro que os nossos deveres espirituais para com os homens, e para com Deus, não devem ser substituídos por qualquer oferta que nos façam, embora elas aparentem fins de interesse público ou pareçam visar glórias espirituais.