Por todos os recantos da Terra, fazem-se ouvir, nos tempos que correm, as vozes dos Espíritos que, na sua infatigável atividade, conduzem a luz da verdade a todos os ambientes, dosando as suas lições segundo o grau de perceptibilidade daqueles que as recebem.
Os ensinamentos do Espaço pululam nas escolas, nos templos, nas oficinas e, aos poucos, ides compreendendo a comunhão do orbe terráqueo com os Planos invisíveis. O Espiritismo tem doutrinado convenientemente a Fé e a Ciência, preparando-as para os esponsais do porvir.
Se é verdade que a tibieza de alguns trabalhadores, obcecados pelos preconceitos, tem entravado a marcha da doutrina consoladora, devemos reconhecer que muitas mentalidades, saturadas de suas claridades benditas, têm concorrido com os melhores esforços da sua existência em favor da propagação dos seus salutares princípios, desobrigando-se nobremente dos seus deveres para com a bondade divina.
Vários autores não têm visto, na extensa bibliografia dos escritores mediúnicos, senão reflexos da alma dos médiuns, emersões da subconsciência, que impelem os mais honestos a involuntárias mistificações.
Excetuando-se alguns casos esporádicos, em que abundam os elementos prestantes à identificação, as mensagens mediúnicas são repositórios de advertências morais cuja repetição se lhes afigura soporífera. Todavia, erram os que formulam semelhantes juízos. Diminuta é a percentagem dos intrínsecos, já que todo o mediunismo, ainda que na materialização e no automatismo perfeitos, se baseia no Espiritismo e Animismo conjugados.
Os desencarnados não podem imiscuir-se na vida material com a plenitude das faculdades readquiridas e o médium, por sua vez, frequentemente, em vista das suas condições e circunstâncias, está impossibilitado de corresponder à potencialidade vibratória daqueles que o procuram para veicular o seu pensamento.
A alma, emancipada dos liames terrestres, integra a comunidade do outro mundo, que não é o da carne, e, daí, a necessidade imprescindível de submeter-se às condições de ordem material para se manifestar; esse fato constitui uma dificuldade extraordinária à consciência depurada, que já desferiu o voo altíssimo aos denominados Planos felizes do Universo, dificuldade que essa adaptação à materialidade implica.
A comunhão dos dois mundos, o físico e o invisível, está, pois, baseada nos mais sutis elementos de ordem espiritual.
Por essa razão, as luminosas mensagens dos grandes mentores da Humanidade são inspiradas aos seres terrenos através de processos inacessíveis ao seu entendimento atual, e a maioria das entidades comunicantes são verdadeiros homens comuns, relativos e falhos, porquanto são almas que conservam, às vezes integralmente, o seu corpo somático e cujo “habitat” é o próprio orbe que lhes guarda os despojos e as vastas zonas dos Espaços que o cercam, atmosferas do próprio planeta, que poderíamos classificar de Colônias terrenas nos Planos da Erraticidade.
Aí se congregam os seres afins e, nesse meio, vivem e operam muitas elites espirituais, constituídas por Espíritos benignos, mas não aperfeiçoados, os quais, sob ordens superiores, laboram pelo seu próprio adiantamento e a prol da evolução humana, volvendo novamente à carne ou trabalhando pelo progresso no seio das coletividades terrestres.
Dos motivos expostos, infere-se que a suposta vulgaridade dos ditados mediúnicos é um fato naturalíssimo, porque emanam das almas dos próprios homens da Terra, imbuídos de gosto pessoal, já que o corpo das suas impressões persiste com precisão matemática, e somente os séculos, com o seu consequente aglomerado de experiências, conseguem modificar as disposições cármicas ou perispirituais de cada indivíduo. Procuram agir no plano físico unicamente para demonstração da sobrevivência além da morte, levantando os ânimos enfraquecidos, porque dilatam os horizontes da fé e da esperança no futuro, porém, jamais serão portadores da palavra suprema do progresso, não só porque a sua sabedoria é igualmente relativa, como também porque viriam anular o valor da iniciativa pessoal e a insofismável realidade do arbítrio humano.
Assim como o infinito é uma lei para os estados das consciências, temos o infinito de Planos no Universo e todos os Planos se interpenetram, dentro da maravilhosa lei de solidariedade; cada Plano recebe, daquele que lhe é superior, apenas o bastante ao seu estado evolutivo, sendo de efeito contraproducente ministrar-lhe conhecimentos que não poderia suportar.
A evolução, sob todos os seus aspectos, deve ser procurada com afinco, pois é dentro dessa aspiração que vemos a verdade da afirmação evangélica — “a quem mais tiver, mais será dado”.
À medida que o homem progride moralmente, mais se aperfeiçoará o processo da sua comunhão com os Planos invisíveis que lhe são superiores.