Desde épocas imemoriais, o homem imagina e constrói recursos de autoproteção e defesa, sem que lhe possamos desconsiderar as razões para isso.
O recinto emparedado que lhe serve de moradia não é somente o refúgio em que delibera viver no regime de comunhão familiar, mas se lhe erige também como sendo o processo de livrar-se da intempérie.
O cofre é o recipiente que lhe segrega os bens contra possíveis assaltos, no entanto, é igualmente o vaso que lhe garante instruções e documentários contra incêndios.
A fim de preservar-se e preservar valores e propriedades sobre os quais convenciona a riqueza externa, inventa fechaduras, cadeados, ferrolhos, trancas, armas, trincheiras, muralhas e alçapões. Realiza mais ainda: vacina-se contra as moléstias contagiosas; estabelece apoio ao comércio e protege-se contra a fome; cria meios de intercâmbio e extingue a solidão.
Para todos os males suscetíveis de afligi-lo no campo exterior da existência elege recursos defensivos claramente justificáveis no tocante aos domínios da vigilância e da prudência com que lhe cabe agir e discernir, entretanto, para a insegurança e para o medo, antigos adversários que lhe dilapidam o equilíbrio e a vida e tantas vezes o arrastam a suicídio e loucura não encontra estabelecimentos ou medidas terrestres com os quais se municie contra eles.
De modo a forrar-nos contra semelhantes flagelos, só existe um recurso: confiarmo-nos a Deus, cujas leis nos presidem as horas.
Nos momentos de crise, provação, angústia ou desencanto, cumpre os deveres que as circunstâncias te reservam e jamais desesperes.
Lembra-te de que não há noite na Terra que não se dissolva no clarão solar.
Nos instantes amargos, descansa o coração e o cérebro em Deus, cuja misericórdia e justiça nos acompanham os dias, e Deus te resguardará.
(Anuário Espírita 1973)