Não digas que toda a problemática do sofrimento se vincula exclusivamente ao resgate correspondente a erros cometidos.
Onde colocaríamos o amor e o trabalho no dogmatismo de semelhante afirmação?
A própria Natureza nos ensina, em silêncio, ofertando-nos soluções claras e simples ao desafio.
A pedra burilada interpretaria o martelo como sendo um perseguidor, entretanto, o martelo nada mais faz que alçá-la ao apreço das multidões.
A árvore nobre identificaria o machado que a derrubou por instrumento de tortura, no entanto, o machado apenas requisitou-a para serviço respeitável na residência do homem.
Observa o aluno, muitas vezes, em ásperas regras de estudo, sem o que não conseguiria o título profissional que demanda.
Reflete no bisturi manejado por mãos hábeis, ao rasgar os tecidos do paciente para restituir-lhe a saúde.
Ponderemos tudo isso, acolhendo as disciplinas da estrada com serenidade e proveito.
Sem dor não teríamos avisos edificantes, e sem obstáculos ninguém adquire experiência.
Indiscutivelmente, existem os quadros de expiação que nós mesmos criamos e que nos cabe aceitar com gratidão e respeito em nosso próprio auxílio.
Importa considerar, porém, que a vida está matizada de dores-estímulos sem o concurso das quais não entenderíamos a própria vida.
À vista disso, na maioria das circunstâncias, a provação é exercício de resistência, tanto quanto a dificuldade é medida de fé.
Perante o sofrimento, não te abatas nem esmoreças, e sim procura a mensagem construtiva de que todo sofrimento é portador.
Nas horas de aguaceiro, mentaliza os frutos que virão.
Quando a noite envolva a paisagem, pensa nas maravilhas do alvorecer.