R — Sinceramente, reconheço que cinquenta anos é tempo estreito para o trabalho mediúnico no qual sempre encontrei e sempre encontro imenso reconforto e profunda alegria.
R — Sempre considerei que qualquer tarefa guarda afinidade inextinguível com quem a realiza. Uma casa, por exemplo, é filha do engenheiro que lhe deu forma. Determinada utilidade nasce da mente que a inventou, embora reconheçamos que a inspiração dos Planos Superiores está presente em toda realização edificante. Penso, deste modo, que o livro mediúnico está ligado, não só ao Espírito amigo que o escreveu, mas também ao médium que lhe emprestou o concurso para que as páginas espirituais viessem à luz.
R — Se tenho algum pensamento de tristeza é o de não ter aproveitado convenientemente, em cinquenta anos consecutivos de trabalho mediúnico, tantos ensinamentos nobres, quais os que têm passado por minhas mãos. E o episódio que me causa mais alegria é o de haver conhecido a Doutrina Espírita, que tanta proteção e amparo me dispensa, auxiliando-me a compreender os meus próprios erros ou a reduzi-los.
R — Que, apesar das fraquezas e imperfeições que ainda carregamos, na condição de Espíritos reencarnados, trabalhar com os Bons Espíritos, estudando e servindo, é sempre o melhor meio de sustentar-nos em atividade, seja em nossos grupos particulares ou seja em nossas instituições.
R — Aprendi com o nosso abnegado Emmanuel que o médium é também um Espírito necessitado de socorro e de orientação. Desse modo, se o chamado animismo aparece em determinado grupo, devemos atender ao companheiro ou à companheira, envolvidos no assunto, com o mesmo carinho e atenção que dispensamos comumente ao Espírito desencarnado, quando no intercâmbio conosco.
R — Caro amigo, o caminho da felicidade, bem sei qual é. É o caminho que Jesus nos apontou, ensinando-nos a “amar o próximo, tal qual Ele mesmo nos ama e nos amou”. (Jo
R — Acreditamos que o homem dramatiza talvez demais o problema da dor, porque nada de bom se adquire sem esforço. E todo esforço, seja para aprender ou reaprender, edificar ou reedificar, exige sofrimento. Creio que o sofrimento é uma necessidade inarredável da evolução e do aprimoramento que nos cabe realizar.
R — Penso que a esmola nunca prejudica, porque a alegria de auxiliar é sempre maior que a alegria de receber. Neste assunto, creio que as facilidades excessivas para quem não se preparou convenientemente para recebê-las, em real proveito de si mesmo ou em proveito dos outros, é que gera muitos desequilíbrios que poderiam talvez, ser evitados.
R — A conquista da fé, a nosso ver, se faz menos penosa, quando resolvemos ser fiéis, por nós mesmos, às disciplinas decorrentes dos compromissos que assumimos.
R — Os obstáculos mais difíceis ao desenvolvimento da mediunidade estão sempre em nós mesmos. Quando deixamos o trabalho mediúnico para entregar-nos a tipos de atividade inconveniente, estamos habitualmente cedendo às tentações que ainda trazemos em nós mesmos, constantes das tendências inferiores que ainda remanescem, dentro de nós, em nos referindo à herança pessoal que trazemos de existências passadas.
R — A Parapsicologia, como ciência pura, sem propósitos de agir dogmaticamente, a serviço dessa ou daquela religião, é sempre uma atividade valiosa, capaz de acordar as inteligências sinceras para as realidades da Doutrina Espírita.
R — O trabalho com os Espíritos Amigos ainda e sempre é a minha maior experiência em mediunidade, porque, diariamente, eles nos trazem novas lições.
R — Desde muito tempo, o nosso caro Emmanuel nos fala dessa necessidade de preparar-nos pelo estudo e pelo trabalho, a fim de atender às necessidades espirituais, sempre maiores no campo humano. Se cada companheiro de Doutrina Espírita produzir o melhor que pode em favor dos irmãos necessitados de esclarecimentos e paz, estaremos caminhando para o atendimento ideal, em nossas casas de fé.
R — Em meu caso pessoal, depois de muito tempo de trabalho, os Benfeitores Espirituais é que decidem. Para mim, porém, prefiro trabalhar na condição de médium responsável pela manifestação da qual, porventura, venha a ser instrumento.
R — Não tenho uma noção exata do ponto de interação de uma e de outra. Chego a pensar que a intuição é a inspiração quando cresce, induzindo-nos a sentir, pensar e fazer, conforme as nossas próprias obrigações.
Transcrita do jornal A Flama Espírita, Uberaba/MG, de 25 de junho de 1977, intitulada: “A Flama Espírita entrevista Francisco Cândido Xavier”.