Não raro auscultamos os processos obsessivos quando se encontram francamente instalados. No entanto, sabemos que a desagregação do equilíbrio mental, quando os problemas pertencem nitidamente ao espírito, levam tempo.
A sabedoria da vida não constitui o sistema nervoso para colapsos a troco de bagatelas.
Encontramos, desse modo, em toda parte do Plano físico, os que se acham na fase prévia de segregação na enxovia da alma.
Sofreram ou se desenganaram em algum item da experiência humana e instintivamente entregam a chave do controle de si mesmos a inteligências outras que os espreitam na sombra. Do ressentimento passam à mágoa crônica. Da excitação se transferem à cólera sistemática. Daí seguem adiante até adquirirem um lugar destacado na patologia da mente.
Quando você se identifique nessa posição fronteiriça, capacite-se da necessidade de libertar você mesmo. Recorde a embarcação que pode perfeitamente salvar-se, expedindo um S. O. S., e comece a derribar a cadeia mental que lhe ameaça a integridade, reunindo as suas forças em oração. Não espere o naufrágio.
Em seguida, repare às suas forças orgânicas através de auxílio medicamentoso à altura de suas exigências fisiológicas, imitando o cuidado do mecânico que restaura a casa de máquinas do navio, e prossiga no rumo certo.
Esse rumo certo na temática da obsessão é a continuidade da viagem terrestre sem ancoragem que não seja aquela programada para deveres nos portos de escala — as prestações de serviço aos outros.
Nada de parar sobre recifes de perturbação ou vasculhar o bojo das ondas de treva. Caminhar à frente. Esquecer-se em favor de outros viajantes.
Se você enfrenta um problema assim sutil da fronteira entre o equilíbrio e o desequilíbrio, observe que, na maioria das circunstâncias, você traz o recinto da mente cerrado ao auxílio dos outros. São pensamentos de desânimo, cansaço, tristeza ou tentação que se agigantaram.
Foram eles diminutas brechas de sombra, na cidadela do espírito, que serviram de mira a gazuas cruéis de velhos adversários dos caminhos percorridos em outras existências.
Não permita que se lhe derruam as portas defensivas. Reaja. Mas conserve a certeza de que a única reação construtiva é a de sua própria renunciação aos caprichos e preconceitos do círculo pessoal, com serviço desassombrado e desinteressado ao próximo.
Milhares ou talvez milhões de companheiros no mundo estão hoje no cairel da obsessão, quais viajores descuidados no dorso do abismo. Há socorro e libertação para todos, desde que cada um se disponha a renovar-se para o bem, renovando os agentes espirituais que lhes assessoram a vida.
(Nova Iorque, N.I., EUA, 28, Julho, 1965.)
(Psicografado por Waldo Vieira.)