Ociosidade não é somente estagnação do progresso. Necessário auscultar-lhe as desvantagens profundas.
Não será preciso, para isso, recorrer aos elementos de poesia e retórica. Basta consultar o cadastro da vida. Certamente que a vida exige o esforço da impressão, mas, acima de tudo, o esforço da ação.
Cada Espírito é chamado a aprender, a fim de exprimir-se, e não há expressão sem trabalho. Tudo o que está criado na esfera da natureza como que se detém esperando o servidor.
Nada reservado à preguiça, senão o espetáculo de miséria que a denuncia, como seja a tapera em que o preguiçoso converte a própria casa.
Descobertas e invenções que felicitam a Humanidade nasceram de Espíritos que se decidiram a trabalhar, perquirindo as forças do Universo.
Gênio é diligência aplicada.
Durante milênios, milhões de homens cruzaram dificilmente os caminhos da Terra, aproveitando o suor de alimárias. Bastou a intervenção de alguns Espíritos operosos, reencarnados no planeta, para a solução dos problemas de condução e transporte, e o homem de hoje, em menos de um século, se desloca de um pólo a outro, até mesmo com velocidade superior à do som, se o deseja.
Não ignoremos a importância da atividade criativa na existência.
Nas linhas inferiores da evolução, o trabalho aparece como efeito de domesticação da vontade. O homem primitivo, acicatado pela fome, é compelido a sair da maloca e a agir para comer. Quando raiam os primeiros indícios de governança, os povos agressivos se escravizam uns aos outros, alternando-se na posição de senhores e vassalos, na dilatada fieira das reencarnações, a fim de acordarem para o valor do trabalho.
E à medida que a educação se expande, o trabalho conquista novos troféus de nobreza, até alcançar, com a Doutrina Espírita, o brilho que lhe é próprio, como sendo o maior privilégio do coração e da inteligência.
Não nos iludamos. Os princípios espíritas nos descerram elevados planos de alegria e libertação.
Dever de servir, felicidade de ser útil. Definição de caminhos e objetivos.
Deixemos para trás as insígnias mortas das reencarnações inúteis em que, tantas vezes, nos enfeitamos com a indolência dourada.
De quando em quando, visitemos um museu, por alguns minutos, e reconheceremos a transitoriedade das palmas exteriores, aprendendo que só existe um trabalho para a felicidade: a felicidade de trabalhar.
(Nova Iorque, N.I., EUA, 7, Julho, 1965.)
(Psicografado por Francisco C. Xavier.)