Era homem robusto e inteligente; contudo, assim que ajuntou algum dinheiro, olvidou a si próprio.
Não mais refeições a tempo, a fim de caçar mais lucros.
Não mais sono tranquilo, receoso de assaltos.
Não mais higiene pronta, por perder longo tempo buscando o golpe financeiro certo.
Não mais distrações sadias, por medo de gastar.
Não mais amizades puras, de vez que em cada rosto imaginava alguém a procurar-lhe as pratas.
E esse homem zeloso, tão zeloso que em nada mais pensava que não fosse em seu ouro, certa noite, sozinho, achou a tempestade que o sufocou num rio, em cheia inesperada, quando ia justamente cobrar de um devedor leve conta esquecida.
E muito, muito antes do tempo assinalado compareceu, vencido, aos tribunais da morte, para saber, chorando, que preservara o ouro, apaixonadamente, mas perdendo a si mesmo.
Observe o motivo de sua inquietação.
Seja casa ou dinheiro, posição ou destaque, fiscalize o seu zelo e equilibre a conduta, porquanto, além de Deus que é vida, em nossas vidas, posse alguma na Terra pode encontrar valor, se você ganha tudo, afundando você.
(Silver Spring, Maryland, EUA, 10, Junho, 1965.)
(Psicografado por Waldo Vieira.)