Escola no Além

Capítulo VIII

Mãe reencontra a filhinha em seu aniversário



Querida mãezinha Dorothy e querido papai Antoninho, deixo aqui uma notícia da tarefa a que atualmente nos dedicamos.



Aniversário de mãe, o relógio marcava nove horas da noite, dialogávamos na sala, quando uma companheira anunciou:

A senhora Nice Rivera já se encontra presente, recebendo instruções dos Mentores que lhe sugeriam o preciso comportamento ante a filhinha Helena, que a mãezinha, nas ocorrências do sono, viera ali visitar.

Os Mentores lhe falavam da conveniência de conservar a máxima discrição, sem fazer perguntas e sem chorar.

A irmã Nice aparentava vinte e oito janeiros de idade e conquistara permissão para o encontro com a filha, por méritos em serviço. A jovem senhora estava pálida e trêmula ao saudar-nos, no entanto, procuramos recompor-lhe a tranquilidade.

Todas as meninas internadas em nosso Instituto estavam reunidas na Grande Sala, quando uma colega chamou a menina Helena Rivera, que demonstrava nobre posição de desenvolvimento aos dois anos que contava.

A pequena levantou-se e seguiu as instruções que lhe foram ministradas. Devia abeirar-se da cabine de vidro isolante, conquanto altamente sensível para a música e para os sons das palavras.

Conduzida pelo Mentor que lhe presidia o original reencontro, a senhora instalou-se na cabine e, vendo a filhinha tão perto, falou emocionada:

— Deus abençoe você; minha querida Heleninha.

A menina exclamou espantada:

— É a mãezinha que me fala?

— Sim — disse a interlocutora reprimindo as próprias lágrimas.

— Fale, minha filha, de alguma lembrança que nos recorde este dia.

A pequena patenteando indescritível alegria, respondeu com ternura:

— Mãezinha, veja, sou eu mesma, lembrando que hoje é o dia do seu aniversário.

E recuando alguns passos, tomou a postura de quem se dispunha a comunicar-se com o público e, depois, improvisando gestos característicos, recitou jubilosamente:


Hoje é um grande e belo dia!

A mamãe Nice Rivera,

Tem mais uma primavera,

Aniversário de flor!…


Onde esteja e no que faça,

Deus guarde a mamãe querida,

O apoio de nossa vida

E a vida de nosso amor.


A senhora emudecera sob a pressão forte da própria emotividade e, notando que ela se esforçava para não chorar, a menina confortou-a:

— Mãezinha, não sofra por mim… Eu também tenho muitas saudades do seu carinho, mas as nossas professoras me disseram que muito breve estarei, de novo, em seus braços…

A senhora Nice apenas disse:

— Assim espero, confiando em Jesus.

Em seguida, atendendo a um sinal do Mentor, afastou-se da cabine para o regresso ao corpo físico. Algumas companheiras e eu mesma seguimo-la de perto.

Aquela maravilhosa mãe acordou chorando e, abeirando-se do leito em que descansava o marido, comunicou-lhe excitada:

— Eugênio, sonhei com a nossa Heleninha, que me participou a sua volta para nossa casa.

Eugênio esfregou os olhos, entre inquieto e assombrado e comentou tranquilo e feliz:

— Se o sonho for expressão da realidade, daremos graças, graças a Deus.



COMENTÁRIOS


Não se pode invocar o auxílio divino, quando a nossa oferenda está ainda com fissuras provocadas pelo egoísmo. Nice Rivera, senhora mãe, aniversariante, recebe no dia de felicidade do seu natalício, um presente por mérito de serviços prestados à causa do bem. A permissão de visitar a filha na Espiritualidade.

No diálogo, sob forte pressão de emotividade, emudecera. O amor de Heleninha, sua filha, levou-lhe o conforto no muito que conversaram. Em suas palavras finais, elucida a mãe da orientação que recebera e que, em breve retorno, estariam juntas novamente.

“Mãezinha, não sofra por mim… Eu também tenho muitas saudades de seu carinho… muito breve estarei, de novo, em seus braços…”