Eu sou a criança.
Ando pelo mundo, bastante incompreendida e também muito pouco compreendendo do que se passa em meu derredor.
Muitos pais rejeitaram-me obstinadamente sob os mais variados pretextos.
Evitam-me qual se eu lhes fosse um flagelo sobre a Terra.
Chegam a temer-me ansiosamente.
Outros, privados da minha presença, lamentam-se e deploram a minha falta, qual a flor buliçosa ausente do jardim.
Muitos exploram a minha inocência, abusam de minha fragilidade e dilaceram as minhas esperanças.
Outros me abandonam, quando mais necessito de carinho e de apoio.
Há, felizmente, os nobres corações que se preocupam comigo. Que choram com o meu desamparo e choram a minha fome, estendendo-me os braços fraternais através da bolsa generosa.
Jesus, eu te peço, Senhor: Multiplicai esses corações que pulsam junto a mim, essas mãos que me afagam, essas mentes que me educam e retificam.
Eu sou a criança. Falo a voz de todas as línguas e de todos os quadrantes do mundo. Choro o pranto dos órfãos, choro a tristeza dos viciados e suplico a misericórdia dos justos e a bondade dos felizes.
Eu sou a criança. Minha voz fala em silêncio, dirigindo-se a todos os corações que já possam compreender.