Sem nos referirmos aos guerreiros e tiranos do Nilo e do Eufrates, outros grandes conquistadores haviam passado, antes d’Ele…
Cambises, rei dos persas, à feição de louco, após assassinar o irmão e a esposa, dominou o Egito, incendiando lares, destruindo santuários, trucidando mulheres e crianças, acabando a existência vitimado pela própria agressividade.
Alexandre Magno, rei da Macedônia, alçado à História por valoroso comandante da civilização, impôs-se aos trácios, aos gregos, aos ilírios, aos sírios, aos judeus, aos egípcios, aos persas, marcando a sua passagem com os sinais da humilhação e da morte, e, ainda moço, veio a perecer, melancolicamente, de febre, na Babilônia.
Aníbal, o chefe cartaginês, em seu ódio a Roma, senhoreou terras e populações da Espanha e da Itália, espalhando maldição e miséria, aflições e ruínas, envenenando-se, mais tarde, na Bitínia, para não entregar aos inimigos a própria cabeça.
Cipião, o famoso general romano, submeteu a África, emoldurando a sua carreira com o pavor e o sangue dos vencidos, sucumbindo, depois, no exílio da Campânia, entre desesperos e amarguras.
Todos passaram, empertigados nos seus carros triunfais, com luzidas armaduras e gritos selvagens de dominação, temidos e odiados, para descerem dos pináculos de triunfo aos vales escuros de cinza e esquecimento.
Ele, porém, chega e fica.
Seu berço é a manjedoura singela que uma estrela assinala.
Não traz carruagens de ouro, nem se serve com baixelas de prata.
Não tem exércitos, nem palácios.
Não possui legionários, nem escravos.
Não dispõe de alianças com os poderosos da Terra, nem conta com o apoio de juízes do mundo.
Ergue, porém, diante de todos, o coração inflamado de amor e chama a si os fracos e os tristes, os pobres e os desamparados, os vencidos e os doentes, os velhos e as crianças…
Descortina à inteligência do povo a visão do Reino da Luz, cujas portas devem ser descerradas com as chaves da bondade e do trabalho, do entendimento e do perdão…
Caminha para diante, ajudando e servindo, e para que o ódio e a crueldade, a ignorância e a violência não se entronizem nas almas, submete-se, Ele mesmo, ao sacrifício na cruz, legando à Humanidade a revelação da vida eterna sobre o túmulo vazio.
Reaviva-se a fé, amplia-se a esperança e a caridade brilha, imorredoura…
Desde então, o poder do Invencível Conquistador cresce com os dias…
E sempre que o mundo recorda o Rei Divino, descido do trono celestial às palhas da manjedoura, o pensamento humano, por suas forças mais representativas, associa-se aos cânticos das milícias celestiais e acrescenta, deslumbrado:
— Glória a ti, ó Cristo! A esperança da Terra te saúda e glorifica para sempre!…