Estradas e Destinos

Capítulo IX

Confissão de amigo



Era um homem violento,

Ligado às trevas do mal,

Espalhando o sofrimento

Em seu caminho triunfal.


Dispunha de muitas vidas,

Trazendo chicote à mão,

Era o retrato do crime,

No quadro da ingratidão.


Trazia os olhos em fúria,

Mostrando o orgulho na face,

Decretava a própria morte

A quem o desagradasse.


Revelando-se entre os homens

O adversário do bem,

Depois de desencarnado

Era um déspota do Além.


Se amigos lhe conseguiam

Um berço novo no mundo,

Voltava, de novo, a ser

O ódio mordente e profundo.


De nada valia a fé

A induzi-lo para o amor,

Era o fidalgo cruel,

Terrível, dominador…


Um dia, porém, chegou

Em que veio a se cansar

De suscitar tanto pranto,

Tanta ferida a sangrar…


Humilhou-se em oração,

Rogou aos Céus vida nova,

Desejava renovar-se

A fogo de angústia e prova.


Jesus escutou-lhe a prece

Viu-lhe a mágoa desmedida

E deu-lhe a benção da lepra

A fim de amparar-lhe a vida.


Ninguém suponha na história

Outro alguém que conheceu,

Devo dizer claramente

Que esse leproso sou eu.




Essa mensagem foi publicada também em 1988 pela editora Fonte Viva e é a 27ª lição da 2ª parte do livro “”