Estrelas no Chão

Capítulo XIV

Magna dor



Interroguei ansioso a Dor um dia:

— “Quem te enviou cruel à nossa estrada?

Por que buscas a vida acorrentada

Aos tormentos da sombra e da agonia?!


Certo, emerges da noite espessa e fria,

Em que nunca aparece a madrugada…

Vens do abismo de boca escancarada

Onde a angústia das trevas não tem dia…”


Mas a Dor respondeu: — “Cala-te e lida!

Eu sou a inesperada luz da vida,

Não procures o bem no campo inverso!


Ouve! sem meu luzente archote errante

O homem — cansado e mísero viajante

Viveria sem rumo no Universo.”