Excursão de Paz

Capítulo XX

Oração no Lar



Mãezinha querida!

Sei que hoje serás reverenciada, com todas as mães, em palácios festivos. Tribunas luminosas serão erguidas para elogios públicos. Entretanto, ansiava reencontrar-te, no templo do lar, que sustentaste com sacrifícios mudos.

Ouvi cânticos de profunda beleza, em louvor de teu nome, e atravessei larga fila de cartazes que te recordam na rua, mas, venho rogar-te a canção de simplicidade e doçura com que me embalaste o berço.

Árvore generosa, que me abrigaste o ninho de esperança, ensina-me como pudeste resistir às tempestades que te sacudiram os ramos!

Estrela, que me clareaste os passos primeiros, entre as sombras do mundo, conta-me o que fizeste para brilhar sem fadiga, no longa noite do sofrimento!…

Escutei muitos mestres e folheei muitos livros, no entanto, nenhum deles me falou tão intensamente de Deus, quanto a linguagem silenciosa dos teus beijos de ternura e as letras divinas, a transparecerem, inexplicadas, dos calos de trabalho que te marcam as mãos.

Associando-me às homenagens com que te honram lá fora, procuro inutilmente exprimir o amor que me inspiras e busco, em vão, externar reconhecimento e alegria, porque as palavras se me desfalecem na boca…

Quero proclamar que és a rainha de nossa casa e tento envolver-te a cabeça cansada com as flores de meu carinho, contudo vejo-te a coroa de lágrimas em forma de fios brancos e nada mais consigo dizer que sinto remorso, pensando nas dores e nas aflições que te dei.

Sim, mãezinha! Há banquetes de regozijo que te esperam a melodia da bênção, mas, desculpa se te rogo para ficares comigo no enternecimento do coração.

Traze o pão pobre e alvo que me davas na infância, guarda-me no teu colo e repete, de novo, para que eu possa aprender: “Pai nosso, que estás no Céu”… (Mt 6:9)