Família

Capítulo XXI

Ante a orfandade



Cultivarás a semente nobre que te supre o pão. Protegerás a árvore respeitável que te assegura a bênção do reconforto. E plantarás na infância o porvir que te espera.

Recolhe, sim, a criança que chora a ausência do braço paterno ou que se lastima ante a falta do regaço materno que a morte suprimiu.

A dor dos que vagueiam sem rumo é grito de aflição que clama no seio augusto da Eterna Bondade.

Não abandones à orfandade moral os corações pequeninos que o Céu te confia ao apoio e à vizinhança.

Não te julgues exonerado do dever de assistir a todos aqueles que, em plena aurora da vida humana, te defrontam a marcha.

Todos eles aguardam-te a palavra de instrução e carinho e a tua demonstração de solidariedade e de amor.

Orientam-se por teus passos, guiam-se por teu verbo e atendem por teu chamado.

Agora assimilam-te os gestos e ouvem-te as assertivas e, mais tarde, reconduzir-te-ão a mensagem do exemplo às existências de que se rodeiam.

O mundo de hoje é o retrato fiel dos homens de ontem que no-lo transmitiram com as qualidades e os defeitos de que se nutriam no campo das próprias almas.

A Terra de amanhã será, inelutavelmente, o reflexo de nós mesmos.

Não te comovas tão somente perante o sofrimento que sufoca milhares de pequeninos. Faze algo.

Começa diante daqueles que o Senhor te localiza junto aos próprios sonhos, no instituto doméstico, para que as tuas esperanças no bem não se resumam à fantasia.

Recorda que os meninos da atualidade estão endereçados à posição de senhores do lar que te acolherá no grande futuro e neles encontrarás a colheita do que houveres semeado, de vez que a lei é sempre a lei multiplicando os bens e os males da vida, conforme a plantação que fizermos, no descaso ou na vigilância, no trabalho ou na preguiça, nos precipícios da sombra ou nas eminências da luz.