Capítulo VIII

Respostas do Alto



Existiu um homem que ansiava de tal modo encontrar o Cristo de Deus que foi amplamente observado por Ele, passando a ser acompanhado por vários Mensageiros da Vida Maior com especial atenção.

No afã de integrar-se no trabalho do Excelso Amigo, esmerou-se o devoto nas petições.

Queria viver com Jesus, entregar-se a Jesus e interpretar Jesus… E propunha-se a obter tudo isso com urgência.

Alvoroçado, notou que começava para ele longa série de surpresas.

Pediu saúde, a fim de agir com intensidade, mas a vida lhe trouxe a doença.

Rogou um corpo belo e atraente, no entanto, num momento difícil, foi prejudicado no rosto, apresentando-se, desse modo, com a face deformada.

Solicitou dinheiro farto, entretanto, unicamente conseguiu o trabalho sacrificial que lhe garantia a aquisição do extremamente necessário.

Quis formar um grupo de companheiros que lhe partilhassem as atividades na lavoura do bem, contudo não apareceu ninguém que se dispusesse a segui-lo, obrigando-se, por isso, a sair sozinho para atender às súplicas de pessoas infelizes que lhe rogavam o benefício da prece.

Insistiu, através de repetidas orações, para que o Céu lhe concedesse um clima de paz que lhe facilitasse a execução de encargos determinados, mas viveu cercado de perseguições e conflitos, perturbações e sarcasmos que lhe flagelavam a existência.

De corpo envelhecido, certo dia, viu a morte chegando, de manso, apagando-lhe as pupilas.

Ele despertou do grande sono de que se via objeto e viu Jesus que o esperava.

O companheiro se desconcertou e falou, agitado:

— Senhor, desejei tanto servir-te, mas tudo em meu caminho terrestre me foi contra. Qual teria sido, Senhor, a potestade das trevas que me atormentou a vida inteira?

O Celeste Benfeitor, entretanto, esclareceu, com serenidade:

— Fui eu mesmo quem te enviou a doença e a deformidade física, a pobreza e a solidão…

— E por quê? — suspirou o devoto recém-desencarnado.

Jesus, porém, respondeu com sabedoria:

— Disseste tantas vezes que me desejavas a presença e a intimidade, a fim de trabalharmos juntos que, sem os auxiliares aos quais te confiei, não conseguirias caminhar com segurança, para doar-me a felicidade de conviver comigo.




(Médium: Francisco C. Xavier)