Fé e Vida

Capítulo I

Fé e vida



O sol plasmava cintilâncias na grama, quando Frederico e Sinésio, se puseram a comentar certas passagens do Evangelho de Jesus.

Comentou Sinésio:

— O apóstolo Paulo foi claro, ao escrever que o justo se elevará pela fé. (Hb 10:38)

— Tiago, no entanto, — falou Frederico, — afirmou na epístola que lhe traz o nome que a fé sem obras é morta em si mesma. (Tg 2:18)

O desencontro das interpretações prosseguia aceso, quando Frederico colheu pequeno galho de flores de pessegueiro e acrescentou:

— Sinésio, de que árvore são estas flores?

— De pessegueiro, — respondeu o amigo, sem afetação.

— Quando o dono do pomar o plantou e por muito tempo cuidou dele, fez isso com que fim?

— Decerto para que a árvore produzisse frutos deliciosos.

— Pois, está aí a lição da natureza — enfatizou o companheiro —, Deus colocou as flores nas árvores a fim de que elas produzam frutos que sustentem a vida. Assim são nossos testemunhos de fé, flores dos nossos ideais. Todas são chamadas a produzir frutos que sustentem as criaturas e as que são arrebatadas pelo homem ou pelo vento se transformam apenas em promessas inúteis. Compreendeu?

Sinésio nada respondeu e passou a pensar.




(Uberaba (MG), 26 de janeiro de 1
989)


[Esse conto sofreu pequenas correções no indicador 3; abaixo, reproduzimos o mesmo trecho do livro impresso:

“— O desencontro das interpretações prosseguia aceso, quando Frederico colheu pequeno galho de flores de pessegueiro e acrescentou:

— Ao amigo, perguntaria sem afetação: Sinésio, de que árvore são estas flores?

— De pessegueiro, respondeu o amigo.”]