Alguns irmãos espiritualistas consideram desaconselhável o contato com os desencarnados sofredores e ignorantes; entretanto, Jesus e Kardec não desprezaram semelhante iniciativa, entrando no intercâmbio com eles, a fim de se lhes doar reconforto e compreensão.
Há quem diga que a tarefa a que nos reportamos deve ser efetuada pelos orientadores espirituais, domiciliados fora do Plano físico; no entanto, seria muito estranha uma escola na qual os professores chamassem a si todo o trabalho do aprendizado, impedindo que os alunos compartilhem do serviço que se realiza a benefício deles mesmos.
Um Espírito desenfaixado da existência terrestre, ainda desinformado e sofredor, é semelhante ao homem comum, quando em crises de ignorância e penúria, a quem se deve socorrer.
Fossem nossos filhos ou nossos pais no mundo os desencarnados em desespero e, decerto, saberíamos agradecer aos amigos que se dispusessem a prestar-lhes caridoso amparo.
Não se entenderia um empreendimento assistencial em que se entrega o pão ao companheiro de corpo desnutrido, mantendo-se o benfeitor, ao mesmo tempo, com indiferença ou frieza para com as necessidades de alma daqueles mesmos irmãos aos quais beneficia.
O diálogo afetivo em bases de fraternidade, mormente para os que atravessam tribulações e sombras, é sempre uma bênção.
Se a organização psíquica de alguém no mundo sofre a intromissão negativa de companheiros que não mais se vinculam ao campo físico, e sendo possível para nós outros a cooperação aconselhável para que os irmãos do Plano terrestre e do Plano espiritual se desvencilhem dos prejuízos da hipnose obsessiva em que se encontram, seria descaridade fugir de auxiliá-los e de esclarecê-los.
Em suma, é muito cômodo instalar-se a criatura na chamada “torre de marfim” da inteligência, relegando os irmãos desencarnados, ainda incultos e sofredores, ao acaso, sob o pretexto de se evitarem riscos e perigos, quando os nossos companheiros, na Terra, que assim procedem talvez amanhã se vejam em situação idêntica à daqueles que hoje abandonam, rogando aos irmãos que ficaram no mundo a esmola de alguns minutos de reconforto e esclarecimento que os amparem na procura da paz e da compreensão, em nome de Deus.
(Grupo Espírita da Prece, Uberaba (MG), 25 de setembro de 1981)