Não desprimores, nem firas O coração que te escuta, Às vezes, em febre e luta, Na provação em que jaz; Pelo recurso da voz Que instrui, conforta e elucida, Deus te deu na luz da vida, O dom de fazer a paz. Quando falas e onde falas, Traças caminho e normas Pelas imagens que formas, Nas palavras tais quais são; Como dizes, no que digas, Constróis jardins e moradas, Emendas, pontes e escadas De queda ou de elevação. Se contratempos te afligem, Entre lembranças que deixas, Evita sombras e queixas, Não menosprezes ninguém; A ofensa que nos procura, Mesmo de modo impreciso, Dissolve-se, de improviso, Na fonte viva do bem. À frente de quem te humilha, Não devolvas pedra e lama, Cala, serve, ampara e ama Na expressão que te traduz; Eis que o Céu se manifesta Na bondade que irradia… Contempla o Sol, cada dia: É bênção falando em luz. Se a caridade te guia Vencendo espinhos e males, Não te revoltes, nem fales, Agravando a treva e a dor; Toda palavra de auxílio, No bem espontâneo e puro, É tijolo do futuro Erguendo o Reino do Amor. |
(Centro Espírita União, Rua dos Democráticos, 527, bairro do Jabaquara. São Paulo (SP), 2 de outubro de 1985)