Fé e Vida

Capítulo VI

Na construção espiritual



Iniciar as boas obras, arquitetar o mundo melhor, idealizar a paz, começar o trabalho da redenção!…

Todos encontram facilidade para assinar as mais altas promessas nesse sentido, quando a alegria, semelhante à do alvorecer anima o grupo de corações magnetizados de sonho.

Entretanto, após a largada de esperança, principiam os entraves da construção.

Surgem os conflitos de ideia, as exigências de renúncia à personalidade, os obstáculos que se agigantam com o crescimento das tarefas, as tentações ao desânimo e, com isso, verificam-se os adeuses de muitos companheiros que se afastam.

Esse adoeceu, aquele se afirma vencido pelo cansaço, outro se diz onerado de compromissos na equipe doméstica e outro ainda se confessa mergulhado em desalento ou desilusão.

Terão decerto motivo para semelhante comportamento, de vez que ninguém pode exigir de alguém aquilo que esse alguém não consiga efetivamente fazer.

No entanto, se colocaste o coração no serviço a realizar, mantém acesa a chama do próprio ideal e segue adiante. Os caminhos se alteram para a verdade e muitas vezes se alteram igualmente os viajores por injunções das dificuldades que carregam, mas a verdade é uma luz inalterável e entendendo-se a perenidade do Espírito, nós todos, de um modo ou de outro, volveremos a ela, buscando-a por fonte de nossa própria felicidade.

Ora e abençoa os companheiros que se retiram, contando com eles, hoje ou amanhã, depois de amanhã ou mais tarde de regresso.

Lembremo-nos do Cristo: um dia o Construtor do reino divino para os homens se viu igualmente a sós com os próprios encargos, mas nem por isso deixou de confiar-se a Deus e com Deus voltou Ele da própria morte para continuar em seu divino apostolado com aquelas mesmas criaturas que transitoriamente não lhe haviam aceito as diretrizes; e a sua obra, iluminada de vida imperecível, até hoje persiste no caminho dos séculos, em plenitude de ascensão.




(Uberaba (MG), 19 de janeiro de 1973)