O sol plasmava cintilâncias na grama, quando Frederico e Sinésio, se puseram a comentar certas passagens do Evangelho de Jesus.
Comentou Sinésio:
— O apóstolo Paulo foi claro, ao escrever que o justo se elevará pela fé. (Hb
— Tiago, no entanto, — falou Frederico, — afirmou na epístola que lhe traz o nome que a fé sem obras é morta em si mesma. (Tg
O desencontro das interpretações prosseguia aceso, quando Frederico colheu pequeno galho de flores de pessegueiro e acrescentou:
— Sinésio, de que árvore são estas flores?
— De pessegueiro, — respondeu o amigo, sem afetação.
— Quando o dono do pomar o plantou e por muito tempo cuidou dele, fez isso com que fim?
— Decerto para que a árvore produzisse frutos deliciosos.
— Pois, está aí a lição da natureza — enfatizou o companheiro —, Deus colocou as flores nas árvores a fim de que elas produzam frutos que sustentem a vida. Assim são nossos testemunhos de fé, flores dos nossos ideais. Todas são chamadas a produzir frutos que sustentem as criaturas e as que são arrebatadas pelo homem ou pelo vento se transformam apenas em promessas inúteis. Compreendeu?
Sinésio nada respondeu e passou a pensar.
(Uberaba (MG), 26 de janeiro de 1
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[Esse conto sofreu pequenas correções no indicador 3; abaixo, reproduzimos o mesmo trecho do livro impresso:
“— O desencontro das interpretações prosseguia aceso, quando Frederico colheu pequeno galho de flores de pessegueiro e acrescentou:
— Ao amigo, perguntaria sem afetação: Sinésio, de que árvore são estas flores?
— De pessegueiro, respondeu o amigo.”]