A caridade, em algumas ocasiões, encontra problemas aparentemente contraditórios.
Aparecem os irmãos necessitados, diante dos recursos assistenciais que se lhes reserva; e o júbilo da gratidão lhes brilha no olhar, a iluminar-lhes a face antes pálida e triste.
Entretanto, para logo se destaca o grupo dos insatisfeitos.
Muitas vezes se aproximam dos amigos que lhes entregam o carinho materializado da beneficência e reclamam com azedume.
Habitualmente, afirmam-se lesados na expectativa que mantinham acerca das doações que recolhem.
Desejariam obter os recursos que não lhes foram doados.
Referem-se a privações ocultas.
Relacionam as doenças de que se acreditam portadores.
Quereriam mais dinheiro e mais facilidades, além dos benefícios que lhes são oferecidos e, em muitos casos, se desmandam em acusações gratuitas e indiretas.
Se integras essa ou aquela equipe de assistência aos irmãos em penúria e se te vês à frente desses companheiros inconformados, silencia, sempre que lhes não possas atender as exigências.
Sobretudo, não lhes reproves a dor.
Quase todos esses amigos que descambam para a queixa indébita são nossos associados de existências do pretérito que se transviaram, um dia, nos abusos da finança e do poder.
Menosprezando os valores que a vida lhes confiou, ignoram presentemente como aceitar a carência e a provação.
Não lhes acolhas as lamentações no vinagre da crítica. Ao invés disso, escuta-lhes as referências descabidas com serenidade e entendimento. São todos eles herdeiros de Deus, tanto quanto nós, e convidados de Cristo, para o banquete da beneficência, do qual te fazes servidor. Junto deles, nossos irmãos descontentes, é que descobrimos, com mais segurança, o ensejo de aprender como entesourar as forças da humildade e a maneira mais fácil de acender, em nosso próprio espírito, a luz da abnegação.
(Grupo Espírita da Prece, Uberaba (MG), 17 de junho de 1983)