“Era perto da meia-noite; Paulo e Silas cantavam hinos a Deus e os outros presos os escutavam.” — (At
Reveste-se de profundo simbolismo aquela atitude de Paulo e Silas nas trevas da prisão, quando numerosos encarcerados ali permaneciam sem esperança, eis que os herdeiros de Jesus, embora dilacerados de açoites, começam a orar, entoando hinos de confiança.
O mundo atual, na esteira de transições angustiosas e amargas, não parece mergulhado nas sombras que precedem a meia-noite?
Conhecimentos generosos permanecem eclipsados. Noções de justiça e direito, programas de paz e tratados de assistência mútua são relegados a planos de esquecimento.
Animais furiosos aproveitam a treva para se evadirem dos recônditos escaninhos da alma humana, onde permaneciam guardados pela cobertura da civilização, e tentam dominar as criaturas empregando o terror, a perseguição, a violência.
Quantos homens jazem no cárcere das desilusões, da amargura, do remorso, do crime? Através de caminhos desolados, ao longo de campos que as bombas devastaram, dentro de sombras frias, há mães que choram, velhos desalentados, crianças perdidas.
Quem poderá contar as angústias da noite dolorosa? Os aprendizes do Evangelho, igualmente, sofrem perseguições e calúnias e, em quase toda parte, são conduzidos a testemunhos ásperos.
Muitos envolveram-se nas nuvens pesadas, outros esconderam-se fugindo à hora de sofrimentos; mas, os discípulos fiéis, esses suportam ainda açoites e pedradas e, não obstante as trevas insondáveis da meia noite da civilização, oram nos santuários do Espírito eterno e cantam cânticos de esperança, alentando os companheiros.
Enquanto raras almas sabem perceber os primeiros rubores da alvorada, em virtude da sombra extensa, recordemos os devotados obreiros do Mestre e busquemos na prece ativa o refúgio consolador. Se o mundo experimenta a tempestade, procuremos a oração e o trabalho, a fé e o otimismo, porque outro dia abençoado está a nascer e em Jesus Cristo repousa nossa resistência espiritual.
A presente mensagem, diferindo nas palavras marcadas, foi publicada em dezembro de 1942 pelo Reformador, p. 284 e é a 32ª lição do 5º volume do livro “” da FEB.