Meu querido papai Armando e querida mamãe Edinah, peço para que me abençoem. Estou bem.
Saudades de casa não poderiam deixar de estar comigo, mas estou aqui, junto do vovô Sílvio, que nos solicita calma e paciência.
Mãezinha, não se aflija mais pensando que poderia haver parado o carro em outro lugar.
Meu tempo na Terra seria ligeiro. Quando o veículo foi abalroado, notei que um choque me fazia adormecer de repente.
Como saí do lugar em que estávamos, ainda ignoro, mas acordei junto de uma senhora assim tão carinhosa e tão compreensiva, qual a senhora e vovó. Acalmou-me e só muito pouco a pouco me disse que era minha avó Ana que não sei como retratar.
Sei que estou melhor e com o apoio do meu avô Sílvio estou num grande colégio cercado de jardins. Peço para ficarem tranquilos. Meu avô me diz para que eu pense que vim para cá a fim de aprender muitas lições de internação longa.
Confesso que ainda me vejo muito desambientada, mas creio que se meus pais me auxiliarem a minha estranheza passará. É preciso pensar em nosso querido Gilberto e em outras crianças que são também nossas.
Nossos professores aqui muitos deles informam que possuem filhos na Terra e que nos amam, da mesma forma em que as crianças deles são estimadas e protegidas por muita gente boa no mundo.
Papai, ajude a mãezinha a não pensar mais em que a minha vinda para cá poderia acontecer de outro modo. Vovô Sílvio me afirma que o senhor é sempre um filho maravilhoso e saberá compreender tudo quanto quero dizer e ignoro como expressar.
Quanto puderem, distribuam tudo o que pretendem guardar por lembranças minhas. Estaremos no amor, mas não presos a objetos que de certa maneira nos escravizam. Perdoem-me se peço isto. Mas vovô Sílvio diz que é preciso me decidir a fazer essa solicitação.
Desculpe-me se vou terminar. Aqui, me ensinam que quando falamos para a Terra é preciso saber podar a dor, para que os sofrimentos daqueles que amamos não sejam aumentados, mas me permitem dizer que as saudades da casa ainda me doem muito, entretanto, devemos aceitar as dificuldades como abraçamos as alegrias, pois umas e outras chegam de Deus.
Querida mãezinha, receba com o papai Armando e com o nosso Gilberto, o coração repleto de carinho e de amor, esperança e reconhecimento de sua filha.
“Quando puderem, distribuam tudo o que pretendem guardar por lembranças minhas. Estaremos no amor, mas não presos a objetos que de certa maneira nos escravizam.”
Essa recomendação de Andréa lhe traduz a preocupação de não ampliar a tristeza, rememorada nos objetos de aquisição terrena que habitualmente nos escravizam a sentimentos negativos e dificultam o desligamento dos laços materiais, após a liberação da existência no Plano Físico.
Na pureza de seu coração, tranquiliza a mãezinha, martirizada pela ideia de que poderia ter estacionado o veículo em outro ponto diante do semáforo e evitaria ser abalroada.
Esclarece-a também de que sua permanência na Terra seria ligeira. Confirma-se uma vez mais: os entes queridos partem e com eles a preocupação de como ficamos.
Será que os ajudamos em nosso desequilíbrio ou devemos aplicar a terapêutica da resignação, aceitando a vontade de Deus?
Andréa Lodi: Nascimento: 25.11.1968. Desencarnação: 6.4.1978.
Pais: Armando Lodi e Edinah C. Grasserchi Lodi — Rua Pindauva, 81, São Paulo — SP.
Irmão: Gilberto Lodi.
Avô: Sylvio Lodi, paterno; desencarnado.
Bisavó: Ana de Vita Carneiro, materna, desencarnada.