O Amor — guerreiro ferido Que não registra derrota É apoio da própria vida, Assunto que não se esgota. Amor em tempos passados Tinha a doce segurança De uma rosa resguardada Nos dedos de uma criança. Afeição hoje entre os homens Tem modos e excessos tais, Que a mais linda ligação Acaba cedo demais. No amor que se faz paixão, Por mais cautela se tenha, O homem parece fogo, A mulher parece lenha. Existem firmas unindo Muitos homens de negócios, Mas todos eles declaram: — “Em amor, nada de sócios.” O homem parece um anjo Até o grande momento Em que deixa de ser anjo Nos quadros do Casamento. Enlace!… Alegria santa!… Quanta beleza no ato!… Mas muito enlace, hoje em dia, Faz-se apenas em contrato. Namorados?… Vejo alguns, Tanto quanto ontem os vi; Dois amores esquecendo De que um bebê vem aí… Namoro de certa gente Parece cousa da treva; Namorados com dez dias Estão em trajes de Eva. Sem família organizada Cai o progresso à deriva, Com toda a Terra voltando Para a selva primitiva. |