Para todo servidor Que ama a própria obrigação, A morte é um hino de amor Na Grande Renovação. Dupla de origem divina, Ei-la, em tudo, bela e forte: O amor que nunca termina E a vida que vence a morte. Todo o Céu é luz e graça, Todo chão faz-se promessa, Tudo a morte despedaça, Tudo a vida recomeça. Na Terra, poucos se lembram Da Morte — a Presença Triste Mas isso é apenas sinal De que a morte não existe. O Amanhã vive encoberto… Serve agora, faze o bem; A morte, no tempo certo Nunca espera por ninguém. Duros algozes da Terra Com poder livre e incomum? Ante a passagem da morte, Não sobra tirano algum. Morte não vale ao caminho De quem não quer melhorá-lo… O freio talhado em ouro Em nada altera o cavalo. O doente que se trata Com atenção e respeito, A morte não leva às pressas Mas, trata com muito jeito. Morte lenta e dolorosa Foi a de Arlindo Sampaio; Queria levar consigo O cachorro e o papagaio. Para quem cumpre o dever, Trabalhando, dia a dia, A morte, em si, vem a ser O retrato da alegria. |