Festa de Paz

Capítulo XII

Aparências do mundo



“Deus tudo vê, tudo sabe!…”

Falava Clarêncio França,

Mas furtava no comércio

O que levasse à balança.

Pedro Ventania

Condenava qualquer jogo

O amigo Joaquim da Mota.

Faleceu jogando cartas,

Olhando a cara da sota.

João Moreira da Silva

Sizínio, o irmão contra o álcool,

Sobre o assunto grita e xinga;

Ao morrer, deixou no quarto,

Um grande barril de pinga.

Sylvio Fontoura

Era o médium mais severo,

Lembrava um leão de arena…

Mas largou tarefa e povo

Levando bela morena.

Lulu Parola

Homem que prega moral,

Com pancas de inquisição,

Esse é o primeiro que cai

Nas ciladas da paixão.

Jair Presente

Isto notei nas andanças

Em vários climas da Terra:

Quem mais critica entre os homens

É a pessoa que mais erra.

Antônio Torres

Tinha tanto apego ao ouro

Que o coitado enlouqueceu,

Gritando, de praça em praça:

“O ouro do mundo é meu.”

Feliciano Gonçalves Simões

Lino Braz, o moralista

Doutrinava Dona Bela,

Só falava de virtude,

Mas depois fugiu com ela.

Cornélio Pires

Ginástica pelo rádio,

Povo ao frio de manhã.

E o professor dava as ordens

Num leito de seda e lã.

Natal Machado

O lucro das aparências

Que no mundo se arrecade,

Só prevalece na vida

Até que chegue a verdade.

Auta de Souza