“Deus tudo vê, tudo sabe!…” Falava Clarêncio França, Mas furtava no comércio O que levasse à balança. Condenava qualquer jogo O amigo Joaquim da Mota. Faleceu jogando cartas, Olhando a cara da sota. Sizínio, o irmão contra o álcool, Sobre o assunto grita e xinga; Ao morrer, deixou no quarto, Um grande barril de pinga. Era o médium mais severo, Lembrava um leão de arena… Mas largou tarefa e povo Levando bela morena. Homem que prega moral, Com pancas de inquisição, Esse é o primeiro que cai Nas ciladas da paixão. Isto notei nas andanças Em vários climas da Terra: Quem mais critica entre os homens É a pessoa que mais erra. Tinha tanto apego ao ouro Que o coitado enlouqueceu, Gritando, de praça em praça: “O ouro do mundo é meu.” Lino Braz, o moralista Doutrinava Dona Bela, Só falava de virtude, Mas depois fugiu com ela. Ginástica pelo rádio, Povo ao frio de manhã. E o professor dava as ordens Num leito de seda e lã. O lucro das aparências Que no mundo se arrecade, Só prevalece na vida Até que chegue a verdade. |