Dizem hoje que o progresso É brilho em Ciência e Arte, Mas o ódio entre as nações Faz a guerra em toda parte. Fui à Fazenda do Salto Rever meus pés de bonina; Só achei ranço de asfalto E cheiro de gasolina. Religião noutro tempo Era a luz de cada dia; Hoje quem prega a oração É sujeito à zombaria. Lembro os rostos do passado… Agora, não mostram fé; Seja mulher, seja homem Ninguém mais sabe quem é… Meu pai me bateu na rua Porque olhei certa mulher; Hoje há mulher quase nua No jornal que se quiser. O anticoncepcional É útil, no entanto, é feio… Quem quiser nascer no mundo, Só jogando de escanteio. Namoro na noite antiga Era seresta e sereno; Agora, entre os namorados, O beijo é café pequeno. As frutas de minha infância!… Sapoti, mangaba e ata… Agora somente as vejo Embalsamadas na lata. Nascimento de criança Era festa e reconforto; Hoje não temos revista Que caiba as listas de aborto. Remédio que se tomava Era a preço de tostões; Hoje o pobre que se estique Ou tem de pagar milhões. Os poetas pessimistas São de Cá e são de Lá… O progresso vem de Deus E o progresso se fará. |