Fulgor no Entardecer

Capítulo XIV

Desencarnações prematuras



Ocorrência lamentável

A de Odorico Monteiro:

Encontrou morte instantânea

Ao cair de um pequizeiro.


Láu, caçador adestrado

Achava tatus de sobra,

Desceu a mão num buraco,

Saiu picado de cobra.


Num quarto andar, João fazia

Gracinhas à namorada…

Nisso, de grande janela

Projetou-se na calçada.


Ana morreu num bueiro

No Roçado da Tutoia;

Corria atrás da galinha

Que engolira certa joia.


Foi um fato dos mais tristes

Que arrasou Camilo Cravo,

Faleceu aos vinte anos

Montando num potro bravo.


Num concurso de comidas,

Finou-se Adão Camainha

Depois de comer sem pausa

Vinte latas de sardinha.


Em matéria de concurso,

Lembro Antônio Vilaça:

Caiu morto, após beber

Oito litros de cachaça.


Antônio e Alírio Fulgêncio,

Herdeiros do pai Adão,

Por vagas questões de herança,

Mataram-se sendo irmãos.


Muita gente fala em karma

A impor-nos os resultados

De nossos próprios delitos

Em duros tempos passados…


Karma é a lei de causa e efeito,

De milênios a minutos,

Mostrando que os nossos atos

São plantas trazendo frutos.


Mas, os casos que contamos

Não pedem muita ciência…

Muitas mortes prematuras

São do karma da imprudência.