Verdade da própria vida Das mais limpas e evidentes: Até chegarmos a Deus Todos nós somos doentes. Entre as sombras da injustiça Cresce a erva da trapaça, Muita doença é preguiça Carregada de pirraça. Não há castigos extremos… As provações nos são dadas Sobre as falhas que trazemos Das existências passadas. Sentença agressiva e rude Mas de profunda expressão: É melhor não ter saúde Nas horas de tentação. Pessoa que se declara Doente, triste e abatida, Sempre de tranca na cara Já é pessoa vencida. Gritava Juca Proença Ao seu criado Maranha: — “A minha dor é doença, Mas a sua é simples manha”. Remorso é uma chaga imensa Que arrasa o homem mais forte; A culpa gera a doença, A doença apressa a morte. Loucura? Um homem sozinho Facilmente segue a Lei; Sucede o mesmo à mulher, Mas os dois juntos, não sei. Era uma estranha alergia A de Antonico da Gama: Se o trabalho aparecia, Caía logo de cama. Na ficha do Irmão Picanço, Li esta nota invulgar: — “Só viveu para o descanso, Morreu para trabalhar.” A dor é uma escola aberta Nos dias que vêm e vão; Escola que nos desperta Nas luzes do coração. |