Ideias e Ilustrações

Capítulo XXXVIII

O temor da morte



— Doutor, a sua competência é a nossa esperança. O senhor já operou Paulina por duas vezes…

Narciso Meireles pedia o concurso do Dr. Sales Neto, distinto médico espírita, para a mulher que experimentava parto difícil, em vilarejo distante.

— Por que se deixaram ficar assim, tão longe? — disse o médico, procurando esquivar-se.

— A crise apareceu de surpresa… O senhor prefere o avião? Dez minutos apenas.

— Nada disso. Perdi dois amigos de uma só vez na semana passada. Nada de voo…

— Um carro?

— A estrada é péssima. Não soube do desastre havido anteontem?

— Um cavalo, doutor? Arranjo-lhe um cavalo…

— Era o que faltava! Não posso expor-me assim…

— Que sugere? — roga o marido desapontado.

— Se quiserem — disse o médico —, tragam a parturiente aqui, como julgarem melhor… De minha parte, não me arrisco…

Em face da evidente má-vontade do facultativo, o esposo aflito aquiesceu e partiu a galope, em busca do teco-teco.

No outro dia, porém, quando a senhora Meireles chegou, abatida, na expectativa da intervenção, a residência do operador estava cheia de gente.

O Dr. Sales Neto, naquela noite, havia morrido, no próprio leito, em consequência de uma trombose…


II

Todo Espírito encarnado

É um viajor em caminho…

Sonha, sofre, luta e segue,

Morrendo devagarinho… ()

Jovino Guedes

III

A morte não provocada

É bênção que Deus envia,

Lembrando noite estrelada

Quando chega o fim do dia. ()

Roberto Correia

IV

A morte de um homem começa no instante em que ele desiste de aprender. ()



Esta mensagem foi publicada originalmente em 1960 pela FEB e é a 6ª lição da 2ª parte do livro “”