Muitos companheiros destacam a beleza da ideia redentora que abraçaram e assinalam consigo a presença da intolerância.
Aceitam a escola da fraternidade e caem na inconformação.
Alimentam-se com a luz da paz e, de quando em quando, se envolvem nas trevas do desespero.
Cultivam a fé e, por vezes, se embrenham no cipoal da insegurança.
É que admitem a eficácia do bem, sem a disposição de construí-lo.
Entre localizar o filão de ouro e tê-lo em mãos é imperioso nos confiemos ao trabalho preciso.
Raciocinemos, amigo. Enquanto a convicção não se nos transfigura em ação, é possível nos iludamos a nosso próprio respeito.
Sofres desajuste de ordem econômica e rogas auxílio.
Se te diriges, porém, ao encontro dos que demoram em catres de penúria, a fim de minorar-lhes os sofrimentos, aprenderás para logo, como se fixam as áreas da necessidade e do supérfluo.
Declaras-te infeliz, ante os obstáculos que te inquietam o campo afetivo.
No entanto, se colaboras no reconforto às vítimas da solidão, nas teias da frustração e do infortúnio, perceberás sem dificuldade o limite entre a verdadeira provação e o capricho do sentimento.
Observamos as vantagens que nos sobram.
Nos empeços da profissão, auxilia aos companheiros que ainda não conseguem o mínimo acesso à cultura da inteligência.
Perante os filhos a te exigirem cuidadosa atenção, empenha-te no amparo àqueles outros que vagueiam sem a presença de pais que os amem, a se marginalizarem, através de abandono e perturbação.
Se lamentas o peso das obrigações que te honram a existência, ajuda pessoalmente, de algum modo, aos irmãos que se acham sob tratamento em segregação carcerária.
Renteando com o desânimo, cede alguma parcela de ti mesmo em forma de tempo ou trabalho, cooperação ou assistência a quantos se demoram detidos nos hospitais.
Matricula-te na faculdade de beneficência, cujas aulas em maioria são ministradas nos albergues anônimos; nos pátios isolados a que pontes esquecidas servem de teto; nos retângulos de espaço em que se comprimem os remanescentes da viuvez adormecida ou nos lugares outros a que se acolhem as retaguardas de sofrimento.
Estende braços fraternos aos que jazem nas faixas da insegurança ou da angústia e retornando ao lar, com a simpatia e com o reconhecimento que recolherás de todos eles, reconhecerás que não contas unicamente com a fé, apontando-te o esplendor do futuro, mas terás contigo uma companheira nova: a paciência que te ensinará a trabalhar e construir, abençoar e agradecer.