Inspiração

Capítulo XXIV

Ação e adoração



Cada criatura nasce na Terra, no sítio em que deva produzir mais e melhor para o bem, com os recursos necessários ao aprimoramento que lhe diz respeito e sob as circunstâncias mais favoráveis à obra que lhe cabe realizar.

Não olvides os instrumentos de progresso e perfeição que o Senhor te confiou ao caminho.

Para muitos, é o lar com os deveres que lhe enriquecem as horas, pelos quais o devotamento é o clima em que se lhe amadurecerão os frutos do resgate.

Para outros, é o campo em que as lides da terra lhe pedem devoção e suor.

Para outros, ainda, é a casa de trabalho onde as pequenas desarmonias de cada instante lhe reclamam paciência e serenidade, boa vontade e amor, na própria edificação, à frente dos companheiros difíceis.

Todos no mundo, enquanto envergamos a veste física, possuímos conosco os elementos da regeneração e da cura de que necessitamos para o triunfo na escola da vida.

Renunciar aos obstáculos que nos marcam a senda e encerrarmo-nos no altar contemplativo da falsa adoração ao Pai Celeste é fugir aos nossos compromissos, adiando indefinidamente as realizações que o passado exige de nós no presente, para que o porvir se nos descerre pleno de luz.

Certamente, o Senhor prescinde em qualquer situação do incenso bajulatório das nossas reiteradas manifestações de louvor, mas, sem dúvida, aguarda de nosso esforço o socorro a alguém que ontem relegamos ao abandono e a consagração honesta a esse ou aquele trabalho que sofreu de nossa parte, no pretérito, atitude escarnecedora, porque semelhantes edificações constituem recuperação de nós próprios, diante da Eterna Lei.

Não menoscabemos o valor da prece em tempo algum, de vez que encontramos nela a escada sublime da ascensão aos Céus.

Entretanto, não nos esqueçamos de que a obrigação corretamente cumprida, ainda que nos custe o máximo sacrifício, é a oração mais nobre que nos granjeia a dignidade entre os homens e o respeito a nós mesmos por traçar-nos seguro caminho à fiel comunhão com Deus.