Concluindo as nossas lides da noite de 24 de fevereiro de 1955 no tempo reservado às instruções do Plano Espiritual, fomos brindados com a presença confortadora de nossa irmã Ana Prado, que foi médium de materialização, em Belém do Pará, muito conhecida nos círculos espiritistas do nosso País, através de jornais e livros que lhe estudaram os elevados dotes medianímicos.
Utilizando-se dos recursos do médium falou-nos com simplicidade e brandura, comovendo-nos fundamente, porquanto a mensagem de que foi portadora é um grito de alerta para todas as criaturas que se entregam aos fenômenos psíquicos sem qualquer interesse pela iluminação interior com Jesus.
Amigos, saibamos receber a paz de Jesus.
Sou a vossa irmã Ana Prado, humilde servidora de nosso ideal. Não há muitos anos, cooperei na mediunidade de efeitos físicos, na cidade de Belém do Pará, tentando servir ao Espiritismo, não obstante minhas deficiências e provações. Adapto-me, porém, agora, à mediunidade de efeitos espirituais, nela encontrando seguro caminho para a renovação com o Cristo.
Colaborei na materialização de companheiros desencarnados, na transmissão de vozes do Além, na escrita direta e na produção de outros fenômenos, destinados a formar robustas convicções, em torno da sobrevivência do ser, além da morte, no entanto, ao redor da fonte de bênçãos que fluía, incessante, junto de nossos corações deslumbrados, não cheguei a ver o despertar do sentimento para o Cristo, único processo capaz de assegurar à nossa redentora Doutrina o triunfo que ela merece na regeneração de nós mesmos.
No quadro dos valores psíquicos, a mediunidade de efeitos físicos é aquela que oferece maior perigo pela facilidade com que favorece a ilusão a nosso próprio respeito.
Recolhemos os favores do Céu como dádivas merecidas, quando não passam de simples caridade dos Benfeitores da Vida Espiritual, condoídos de nossa enfermidade e cegueira. E, superestimando méritos imaginários, caímos, sem perceber, no domínio de entidades inferiores, que nos exploram a displicência.
A vaidade na excursão difícil, a que nos afeiçoamos com as nossas tarefas, é o rochedo oculto, junto ao qual a embarcação de nossa fé mal conduzida esbarra com os piratas da sombra, que nos assaltam o empreendimento, buscando estender o nevoeiro do descrédito ao ideal que esposamos, valendo-se, para isso, de nosso próprio desmazelo.
Minhas palavras, porém, não encerram qualquer censura aos gabinetes de experimentação científica. Seria ingratidão de nossa parte olvidar quanto devemos aos estudiosos e cientistas que, desde o século passado, trazem a lume as mais elevadas ilações a benefício do mundo, mobilizando médiuns e companheiros de boa vontade.
Minha singela observação reporta-se apenas à profunda significação do serviço evangelizador, em nosso intercâmbio, porque o sofrimento, a ignorância, a irresponsabilidade, os problemas de toda espécie e os enigmas de todas as procedências constituem o ambiente comum da Terra, perante o qual a mediunidade de efeitos espirituais deve agir, renovando o sentimento e abordando o coração, para que o raciocínio não pervague ocioso e inútil, à mercê dos aventureiros das trevas que tantas vezes inventam dificuldades para os veneráveis supervisores de nossas realizações.
Favoreçamos, sim, o desenvolvimento da mediunidade de efeitos físicos, onde surja espontânea, nos variados setores de nosso movimento, contudo, amparando-a com absoluto respeito e cercando-a de consciências sinceras para consigo próprias, a fim de que experimentadores e instrumentos medianímicos não sucumbam aos choques da sombra.
Quanto a nós, prossigamos em nosso esforço persistente ao lado do pauperismo e da aflição, da dor e da luta expiatória que exigem da mediunidade de efeitos espirituais os melhores testemunhos de amor fraterno.
Recordemo-nos de Jesus, o intérprete de nosso Pai Celestial, que em seu apostolado divino reduziu, quanto possível, os fenômenos físicos ante a miopia crônica das criaturas, e aumentou, sempre mais, as demonstrações de socorro à alma humana, necessitada de luz.
Lembremos o Grande Mestre do “Vinde a mim, vós os que sofreis!…” (Mt