Hora Certa

Hora certa



“As ocorrências difíceis da vida terão, acaso, um momento previsto para emergirem dos arquivos do Tempo? Os acidentes e as desencarnações violentas serão esquematizados, segundo as dívidas das criaturas humanas em existências passadas e conforme o imperativo dos resgates respectivos no presente?”


Amigo, as suas perguntas são idênticas às indagações de numerosos companheiros, sugerindo-nos a imersão nos estudos do Karma ou lei de causa e efeito.

Entretanto, os princípios de causa e resultados, nas manifestações que lhes dizem respeito, sofrem muitos agravantes e atenuantes no transcurso dos dias, de acordo com as renovações ou desregramentos de cada companheiro da Humanidade, e isso nos exigiria tratados especiais, em torno do assunto, dos quais, aliás, já se incumbem nobres mentores da ascensão espiritual, reencarnados do mundo.

Nesse sentido, pedimos vênia aos amigos que nos aguardam a palavra para recorrermos às lições práticas da Natureza.

Toda semente que plantarmos nos responderá, em hora certa, com a produção que se lhe vincule à espécie. No entanto, ponderemos:

O tempo gasto pela bolota a fim de apresentar o carvalho nascente não é o mesmo despendido pela semente de laranjeira para mostrá-la no berço; a plantação da cidra não premia o pomicultor com os frutos esperados em processo idêntico ao da alface. No capítulo das flores, o bulbo da amarílis não entretece a auréola colorida que o distingue no mesmo número de semanas em que o plantio de cravos no-los oferece à contemplação.

Cada elemento do mundo vegetal tem a hora exata de se desenvolver, germinar, florir ou frutescer.


Este livro simples não tem a pretensão de resolver problemas de botânica. Todas as páginas que o constituem expressam a necessidade de preparar-se o coração, de modo a receber, com êxito, as sementes de amor e paz, luz e renovação que nos foram confiadas pelo Celeste Pomicultor, Jesus Cristo.

O lavrador limpa a eira, esmonda o solo, retira pedras e espinheiros, espalha adubos e promove a irrigação para que a lavoura produza a benefício da comunidade. Assim também ocorre a nós outros.

Para assimilarmos os ensinamentos de Jesus na gleba de nossas próprias almas, é preciso agir à maneira do lavrador. E as páginas despretensiosas deste volume representam unicamente o nosso esforço na preparação de nossos raciocínios e sentimentos para que as sementes do Evangelho do Senhor não hajam chegado até nós em vão.



Uberaba, 15 de Outubro de 1986.