Hora Certa

Capítulo XIV

Construção íntima



Se procuras felicidade na Terra, não olvides o mundo de ti mesmo.

Começa por admitir que és um Espírito imortal, usufruindo transitoriamente um corpo perecível, mas com a obrigação de tratá-lo, convenientemente, à feição do motorista consciencioso que conduz o próprio carro com equilíbrio e prudência, protegendo-lhe as peças.

Por mais amplo te pareça o fascínio da rebeldia, considera que a tranquilidade não te resguardará a existência, sem o clima do dever cumprido.

Conquanto atendendo, como é natural, às exigências dos encargos que desempenhas, não te prendas a posses, especialmente aquelas que se te façam claramente desnecessárias.

Por muito te consagres aos entes queridos, não te furtes de reconhecer que talvez em maioria tenham eles características psicológicas diferentes das tuas, caminhando, possivelmente para um tipo de existência que nem sempre conseguirás compreender, de imediato.

Auxilia aos outros para o bem, sem mergulhá-los na dependência de tua colaboração.

Em matéria de ligações afetivas, recorda que também aí funciona a lei de causa e efeito com exatidão, trazendo-te de volta aquilo que deste e aquilo que dás.


Justo entendas que és livre para usar os recursos dessa ou daquela espécie, que te pertençam, mas não te encontras livre dos prejuízos que causes, porventura, aos irmãos do caminho e companheiros de experiência, prejuízos que sempre te reclamarão o resgate justo.

Em suma, a felicidade tem base na consciência tranquila e, por isso mesmo, seja onde for, será ela, em qualquer sentido, determinada construção de cada um.





ANTE NOSSOS ADVERSÁRIOS



Emmanuel

Interpretemos nossos adversários por irmãos, quando não nos seja possivel recebê-los por instrutores.

Quando o Senhor nos aconselhou a paz com os inimigos do nosso modo de ser, recomendou-nos certamente o olvido de todo mal.

Às vezes, fustigando aqueles que nos ofendem, a pretexto de servirmos à verdade, quase sempre faltamos ao próprio dever nos setores da cortesia e da educação.

Nem todos podem enxergar a vida por nossos olhos ou aceitar o mapa da jornada terrestre, através da cartilha dos nossos pontos de vista.

E, não raro, em zurzindo os outros com o látego da crítica ou intoxicando-se com o vinagre do azedume, procedemos à maneira do lavrador que enlouquecesse, de improviso, espalhando cáusticos destruidores sobre a plantação nascente, necessitada de auxílio pela fragilidade natural.

Claro que o amor fraterno encontra múltiplos modos para fazer-se sentir no reajuste das situações difíceis da vida e é justamente para a verdadeira solidariedade que nos cabe apelar em qualquer circunstância difícil.

Se incentivamos o incêndio, atirando-lhe combustível, e se maltratamos as feridas alheias, alargando-lhes as bordas, a golpes de força, também não entraremos em harmonia com os nossos adversários por intermédio da violência.

Usemos o amor que o Mestre nos legou, se desejamos a paz na 5ida Maior.

Compreendamos aqueles que nos ofendem.

Oremos pelos que nos perseguem ou caluniam.

Suportemos quantos nos perturbem.

Sejamos o apoio dos companheiros mais fracos.

E o Divino Senhor da Vinha do Mundo, que nos aconselhou o livre crescimento do joio e do trigo, no campo da Terra, em momento oportuno, se fará revelar, amparando-nos e selecionandonos os caminhos para as tarefas que nos façam mais justas.