Quando Jesus nos ensinou a perdoar, concedeu-nos o máximo de poder imunológico para frustrar o contágio do ódio e do desequilíbrio, em nosso relacionamento recíproco.
Perdoa a quem te persegue ou calunia, no veículo do silêncio, e situarás o agressor, na cela íntima do arrependimento, na qual se lhe transformarão os sentimentos para a cura espiritual que se lhe faz precisa.
Perdoa, sem comentários, a quem te ofende e a breve tempo, te conscientizarás dos males que evitaste e das esperanças com que renovaste muitos dos corações que te partilham a vida.
Se alguém te feriu, perdoa e silencia.
Se alguém te prejudicou, silencia e perdoa sempre.
Quando todos nós praticarmos o perdão que o Cristo nos legou, teremos afastado do mundo as calamidades da própria guerra, que, na essência, é a cristalização do mal que nos induz a apoiar, voluntária ou involuntariamente, o extermínio de milhões de pessoas.
Emmanuel
". . . E orai uns pelos outros. . . " - Tiago
Através dos episódios do cotidiano, achamo-nos frequentemente diante de pessoa a quem desejamos ardentemente auxiliar, desconhecendo, porém, como agir.
Por vezes, semelhante criatura não precisa tanto de apoio material para a obtenção disso ou aquilo. Reconhecer-se-á, no entanto, sob a carga de tribulações e obstáculos de ordem tão íntima que a nossa ingerência no assunto resultaria contraproducente ou inoportuna.
Em várias situações, a pessoa a quem nos propomos prestar assistência individual se vê debaixo de grandes conflitos do sentimento que não nos será lícito abordar sem feri-la; permanece em crise nas relações afetivas com criaturas outras cujas intenções não conseguiremos avaliar;
caminha carregando lutas familiares de natureza complexa, sem que lhe possamos ofertar mínimo concurso pelo respeito que lhe devemos; experimenta o abandono de seres amados aos quais se afeiçoa, sem forças para romper os nexos de passadas reencarnações; sofre acusações e críticas, recusando delicadamente a participação alheia nas inquietações que atravessa; suporta amargos desenganos, aspirando a esconder as próprias lágrimas; aguenta provas constrangedoras que não quer comentar; ou haverá perdido algum ente inolvidável que a morte arrebatou e cuja importância só essa mesma pessoa terá recursos para considerar no imo da própria vida.
Saberemos tudo isso, mas é preciso observar o apreço que os companheiros de trabalho ou de ideal nos merecem, abstendo-nos de opinar sem mais profundo conhecimento de causa nos problemas que lhes digam respeito e para os quais não nos pedem a intervenção.
Por isso mesmo, o auxílio mais alto que se pode estender à criatura em dificuldade será sempre acatá-la como seja e como esteja; compreender que ela se encontra sob a proteção de Deus tanto quanto nós; que Deus saberá guiá-la com sabedoria e bondade; e que, de nossa parte, em qualquer fase da existência, podemos e devemos prestar-lhe o apoio do silêncio com o donativo da oração.