Aprendendo, em verdade, onde se encontra o tesouro real do homem, perante Deus, ensaiemo-nos em novo regime, dentro do qual o direito à propriedade estivesse sofrendo a mais ampla renovação.
Imaginemos que regulamentos distributivos determinassem a divisão compulsória de todos os bens acumulados nos Bancos, para que o ouro guardado felicitasse cada criatura em benefícios iguais.
Mentalizemos decretos que transformassem toda a legislação agrária em vigor, para que o solo fosse subdividido em quotas idênticas, conferindo-se, a cada homem, a parte que lhe coubesse, segundo a estatística em andamento.
Idealizemos portarias sobre a organização predial, repartindo todos os edifícios existentes entre os habitantes do mundo, em exata partilha, e figuremos todos os recursos potenciais das Nações equitativamente entregues aos filhos que lhes são próprios.
Entretanto, se o homem, a pretexto de possuir, não mais se dispusesse ao trabalho, decerto que a fome e a violência viriam, em breve, aniquilar essa suposta igualdade, porquanto, com a propriedade imposta por lei, ninguém se inclinaria a servir, acabando a instituição de semelhantes princípios em guerra aberta e destruidora, pela qual, cada homem, se sentiria com o direito de perturbar o caminho alheio, rendendo novo culto às trevas da escravidão.
Não tenhamos, pois, qualquer dúvida, em matéria de regimentos legais.
Não vige a lei benigna quando o homem não se decide a ser bom.
E sabendo, portanto, que cada criatura vale, perante a vida, pelos frutos e exemplos que venha a produzir, saibamos trabalhar simples e honestamente, porque o trabalho é sempre a única riqueza capaz de assegurar a perfeita alegria, garantindo, a si própria, o domínio da luz.