Janela Para a Vida

Capítulo XIX

Janela para a Vida



O dia amanhecera úmido e chuvoso. Por volta das 15 horas uma caravana de pessoas, em carros e ônibus, se formara à frente do “Grupo Espírita da Prece”, aguardando o início da peregrinação evangélica de sábados à tarde ao “bairro dos Pássaros”.

Pouco antes da chegada do médium Xavier a chuva se adensara formando poças d’água ao longo da estrada de chão batido.

à chegada, uma pequena multidão se agrupou ao abrigo de algumas árvores existentes numa clareira próxima à estrada.

Abriram-se diversos guarda-chuvas e o médium Xavier deu início à leitura de um trecho do : “Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita”. Quatro ou cinco pessoas do grupo foram convidadas por Chico a comentarem o trecho em 3 ou 4 minutos cada uma, findos os quais deu-se início à distribuição de gêneros a centenas de criaturas de todas as idades, ali postadas em filas.

Chico Xavier estava quase afônico. Emagrecido e caminhando com dificuldade, sua palidez indicava que, no campo da saúde, não obtivera melhoras consideráveis, de forma que todos nós, os presentes, nos preocupávamos ao vê-lo exposto à intempérie, os sapatos embarrados, a roupa molhada.

Já próximo dos setenta anos de existência física num organismo desgastado e mantido com vida (diria eu que semi-artificial) pela Misericórdia Divina tendo em vista a inadiabilidade da difusão da Doutrina Consoladora entre os homens, a marcante lição daquela tarde inesquecível que ele apresentou para todos quantos participaram da caravana evangélica foi preponderantemente esta: para fazer o bem toda hora é hora, todo tempo é tempo, todo obstáculo deverá ser removido, a doença momentaneamente cede passo à saúde espiritual, a inquietude caminha rumo à paz, a dúvida rumo à certeza, a treva rumo à luz.

Quantas e quantas vezes nos queixamos por ninharias… Quantas vezes abandonamos pequenas tarefas do bem que poderiam valorizar nosso dia a dia, tarefas que se transformariam em moedas de luz que desonerariam nosso Espírito sempre tão endividado perante a Contabilidade Divina. “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração a achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.” (Mt 11:28)


Mediunidade com Jesus

P — Você diria que a mediunidade é uma janela voltada para o Céu?

R — “Se me fosse possível definir a mediunidade, de minha parte eu diria que ela se parece com uma janela voltada para a vida”.


A resposta não nos surpreendera totalmente. Outra não poderia ser a linguagem, o posicionamento da Espiritualidade Superior encarregada de difundir a Doutrina Consoladora sobre a Terra, frente à mediunidade cristã.

Na comunicabilidade com os chamados mortos deparamo-nos com a profunda consolação de constatarmos com certeza a continuidade da vida extra-fisicamente transformada, a certeza da eternidade para o espírito submetido às necessidades da matéria densa.

E o que é a mediunidade com Jesus senão, a própria essência da consolação para milhares de criaturas ávidas de bálsamo e conhecimento? Não morremos, eis a Verdade. No Mais Além conservamos todos os atributos de caráter, de coração, todos os afetos e afinidades espirituais perante aqueles que amamos nas romagens terrestres ao longo dos milênios.



[O local, próximo à Via Anhanguera, chama-se “Bairro dos pássaros pretos”, mas o Chico sempre o denominou apenas por “Bairro dos pássaros”]