Desde seu primeiro livro psicografado (Parnaso de Além-túmulo), publicado em 1931, os Mentores Espirituais, através de Chico Xavier, constantemente se utilizam da poesia mediúnica como veículo para mensagens e informações espirituais, conceitos morais, filosóficos e religiosos destinados ao grande público.
Enquanto os meios literários, culturais e científicos debatiam e debatem a questão da autenticidade ou não dos autores e textos incluídos naquela e em outras obras e ela posteriores, debate que de resto se prolonga até a atualidade sem proveito notável ou solução, o médium Xavier prossegue perseverantemente captando em sua tarefa mediúnica a produção e o testemunho espiritual de autores com maior ou menor renome no campo das letras, sem falar nos que se apresentam sob pseudônimo, cujo exemplo mais notável é o do Espírito Humberto de Campos (Irmão X).
Desde a quadra popular, a trova, o soneto, até mesmo o alexandrino clássico, passando por todos os gêneros poéticos, tal produção copiosa, diversificada e constante aponta para uma única finalidade: evangelização com vistas à elevação espiritual da comunidade.
E quanto à autenticidade? Talvez possamos responder com outra indagação: haverá no mundo alguém que aceite a legitimidade da produção mediúnica de um autor desencarnado, se esse alguém, antes de mais nada, não acreditar na sobrevivência do espírito após a morte física? Como aceitar que um Espírito conserve todos os dons e características de que se revestia quando na vida corpórea se tivermos posição firmada no conceito pelo qual a morte do corpo é o fim de tudo?
Daí por que se nos afigura que o importante não é a sustentação de um debate sobremaneira improfícuo e claramente inútil.
O ateísmo empedernido não cede passo nem mesmo ante as mais palpáveis manifestações da vida espiritual superior e exemplos de racionalização materialista não têm faltado ao longo do tempo, na vã tentativa de tudo reduzir ao nível da ciência experimental e ou do sensório.
A certeza na imortalidade da alma e na manifestação dos Espíritos só a adquirimos ao longo dos séculos de vivências em reencarnações sucessivas.
No presente caso, o essencial, portanto, é atermo-nos ao conteúdo das produções poéticas recebidas através da mediunidade de Chico Xavier. Não raro surgem joias do mais puro quilate, quais as que transcrevemos a seguir:
Desencarnei é verdade Mas prodígios não me peças Já tenho a infelicidade De ver o mundo às avessas. Ouvi alguém que dizia — Lá se vai o poeta morto Sem perceber a alegria Do sonho chegando ao porto. Prazeres gerando trevas? A vida é uma grande escola; A cruz pesada que levas É a força que te controla. Veja assim o ensinamento: Vida correta é dever, Vale mais sofrer na vida Que a gente fazer sofrer. |
Para a complementação deste capítulo, recebemos de Chico Xavier as produções mediúnicas de Espíritos diversos a seguir reproduzidas. [As mensagens se desdobraram nos capítulos seguintes]