Compreendemos o desencanto e a inquietação que, por vezes, te assediam nos conflitos constantes que te impelem a desistir das tarefas edificantes.
É qual se tivesses de recomeçar, todos os dias, imensa luta contigo mesmo para não desanimar.
À frente e à retaguarda, à esquerda e à direita, repontam desafios marcados a fogo de aflição. Amigos que desertam, apoios que se afastam, críticas que sobram, obstáculos que se ampliam.
E, no centro da agitada esgrima em que te vês na obrigação de manejar as armas do próprio discernimento para que os adversários externos não te destruam as forças, encontras aqueles inimigos outros, talvez ainda mais perigosos — aqueles que se te ocultam no espírito, quais sejam o medo de aceitar-te com as imperfeições que ainda te assinalam a vida, o desalento perante as dificuldades que se desdobram, a noção das próprias deficiências ou o temor do fracasso.
Nessa arena vives e dela não te retirarás, enquanto não obtiveres o triunfo, não sobre os outros, mas sobre ti mesmo.
E, nesse triunfo sobre nós mesmos, a fim de que sejamos, um dia, o que sonhamos e devemos ser, segundo os padrões mais altos de nosso ideal, é preciso melhorar e aperfeiçoar, sem esmorecer.
Superar as circunstâncias adversas e valer-se cada um de nós das oportunidades de ação que se nos faculte para que novas concessões de trabalho nos favoreçam, é simples dever.
Sobretudo, não parar no caminho da realização espiritual, mantendo-nos no esforço nobilitante de agir e servir, estudar e edificar, elevar e aprimorar sempre, de vez que todo aquele que estaciona, embora sob a alegação de ilusória humildade, a breve tempo, reconhece que a vitória do bem contra o mal e da luz contra a sombra pertence àqueles que acreditaram na força do bem e no poder da luz, acima das fraquezas e imperfeições deles próprios, seguindo para a frente.