Querido papai, querida mamãe e querida tia, abençoem-me.
Aconteceu o inesperado. Quando lhes trouxe as minhas notícias de filho saudoso, desconhecia o futuro de minhas pobres palavras. Queria, de minha parte, unicamente abraçar os pais queridos e mostrar às queridas irmãs a intensidade de meu afeto e, com isso, contar a verdade em torno do meu afastamento do corpo físico. Sinceramente, propunha-me a falar o que sucedeu, sem fantasiar nenhuma circunstância, porque não era justo que eu largasse um amigo a quem estimo tanto, o nosso prezado José Divino, entregue a acusações que não merece. Eu seria muito ingrato se não descrevesse os fatos como estão em minha memória. O amigo não teve a mínima intenção de me ferir e fui eu mesmo, quem começou a lidar com a arma, talvez na ideia de mostrar conhecimento do assunto. O resultado é esse que conhecemos.
Fiz o que pude para fortalecer o companheiro, de modo a que a total ausência de culpa nele aparecesse no processo que se formou.
A princípio, conduzido para Anápolis por meu avô Henrique e acolhido no lar de nossa irmã Terezona, encontrei tempo a fim de refletir sobre o desastre de que fui, involuntariamente, o provocador. Eu, que me dispunha a ensinar ao Divino a arte de atirar, fui vítima de minha própria leviandade.
Acontece que recebi muitas visitas em Anápolis. Não posso me alongar demasiadamente no assunto, mas resumo este tópico de minha experiência, esclarecendo que recebi a visita de dois amigos que eu não conhecia e que, por solidariedade, buscaram-me reconfortar. Ambos haviam voltado para a vida espiritual em acidentes qual me ocorreu. São eles os irmãos Henrique Gregoris e Izídio da Silva.
O Izídio me falou que perdera o corpo numa competição, na qual fora ele o responsável pelo volante, informando que fizera muita força para inocentar o amigo que se lhe fizera companheiro. Alegou que pairava muitas dúvidas sobre a culpabilidade no caso, quando fora ele que pusera o velocímetro fora de órbita. Disse-me que não tivera paz enquanto não conseguira dar a explicação necessária aos familiares queridos.
E o Henrique me comunicou que ele e outros amigos se achavam empenhados em uma campanha contra o ódio e me convidava a esclarecer, quando fosse possível, a minha participação na ocorrência infeliz com toda sinceridade do meu coração. Foi o que fiz.
Acontece que a autoridade da Justiça considerou válido o meu depoimento e claramente fiquei muito feliz com isso, porque tanto eu, quanto o José, falamos a verdade.
Depois da sentença, muitos amigos Espirituais passaram a me visitar e estou ignorando a extensão do assunto, mas pedindo a Jesus para que a liberdade do meu amigo, positivamente merecida por ele, seja mantida.
Há dias, em companhia do Henrique e do Izídio, compareci a uma reunião de instrutores responsáveis pela condução dos assuntos públicos e me senti tão pequenino, quanto uma criança num palácio, completamente deslocada quanto ao que se passava. Mas pensando em algum possível encontro nosso, tomei nota de alguns nomes com os amigos que mencionei, para dar a meu pai e à mamãe a importância do acontecimento. Disseram-me no salão que ali se reuniam missionários veneráveis da Justiça e do Progresso no Estado de Goiás, que pediam a bênção de Jesus para que o amor ao próximo reine sobre a Terra.
A grande reunião estava presidida por um senhor cuja bondade irradiava dele em forma de simpatia. Não posso chamá-los por irmãos porque conservo comigo o respeito que meu pai me ensinou a cultivar perante qualquer autoridade.
Esse senhor que orientava aquele encontro tem o nome de Dr. João Augusto de Pádua Fleury. Um sacerdote de nome Monsenhor Joaquim Vicente de Azevedo fez uma prece que nos comoveu a todos e, logo após, discorreu sobre a sentença justa do nobre Juiz que anotou o meu caso, dizendo-nos a todos que a deliberação assumida pela autoridade da Vara Cível em Campinas, junto à Goiânia, não interessava apenas aos espíritas que já se encontram habituados aos testemunhos de imortalidade da alma e sim a todas as faixas do Cristianismo, fazendo luz nos tempos de materialismo sombrio que se estendem sobre a Terra e rogou a Jesus para que a resolução judiciária seja abençoada, a fim de que as criaturas, hoje sofrendo tanto no mundo pela descrença, se capacitem de que a vida imperecível da alma, tão maravilhosamente atestada pela ressurreição de Jesus Cristo, não é uma ilusão e de que todos responderemos pelos nossos próprios atos perante as Leis de Deus, seja na existência humana, ou seja depois da morte.
No salão estavam pessoas muito respeitáveis e escrevi alguns nomes em documento comigo para recordar no instante oportuno, qual o faço agora. Achavam-se na reunião o Dr. Augusto Jungman, o Dr. Francisco da Luz Bastos, o Dr. Jovelino de Campos, o Dr. Adalberto Pereira da Silva, o Dr. Laudelino Gomes, o Dr. João Bonifácio Gomes de Siqueira, e tantos outros que se me faz difícil anotar. Todos eles se mostravam satisfeitos por haver nascido em Goiás uma luz da verdade contra os sentimentos negativos que separam os homens uns dos outros. O Dr. Augusto Jungman observou que mesmo havendo algum recurso da Promotoria contra a sentença justa, o exemplo estava patenteado em documento para que ninguém desconheça que a Justiça na Terra precisa ser um reflexo da Justiça Divina. Aí está a súmula das ocorrências.
O amigo Henrique está em minha companhia e me solicita dizer à sua mãe Dona Augustinha que ele hoje se absteve de escrever para que eu tente explicar o que se passou e o que se passa conosco. Diz ele que os pais queridos desejam uma fórmula de nossa parte, a fim de se conduzirem sensatamente no trato com jornalistas e interessados no caso e estamos solicitando aos queridos pais, ele também inclusive à sua mamãe presente, esclarecerem que se nós consideramos sem culpa os companheiros do Plano Físico que ficaram envolvidos conosco, que viemos para cá inesperadamente, nossos pais por amor a nós, efetivamente nos respeitam a sinceridade e o modo de pensar. Entendemos nós todos que os nossos familiares sofreram e sofrem ainda com a perda de nossa presença nas atividades de ordem material; entretanto, sabemos que nos amam suficientemente para não considerarem diferentes ou mentirosos, depois dos problemas da morte, da morte que não altera o coração e o caráter de ninguém. Rogamos aos familiares queridos abençoarem os nossos comunicados, sem fazerem causa comum com qualquer pessoa interessada em escândalo e sensacionalismo. Se fôssemos nós, os companheiros que permanecessem no mundo, dando motivo à desencarnação desse ou daquele companheiro, com que reconhecimento receberíamos a notícia de que estávamos sendo justificados! Por isso, contamos com a solidariedade de nossos parentes, declarando sempre que, se desculpamos ou se esclarecemos as questões afetas à luta em que vimos envolvidos, estamos por eles respeitados, já que não nos interessamos em agravar as provações e os sofrimentos de quem quer que seja.
Estes argumentos nesta longa carta que escrevo com o auxílio de meu avô e do amigo Henrique, representam o que desejaríamos esclarecer.
Que Jesus nos auxilie a todos a exemplificar a verdade e o bem, ainda mesmo quando sejamos ridicularizados.
Pedimos à Divina Providência iluminar sempre o espírito reto e nobre desse valoroso Juiz de nossa terra, que sabe honrar o coração humano e entender quão necessário se faz o respeito aos sofrimentos alheios. Deus o abençoe e engrandeça na elevada missão que aceitou, no sentido de honorificar a Justiça com a verdade para evidenciar as nossas responsabilidades na vida.
Querido papai, em seu coração sempre encontrei o meu melhor amigo. Creia na sinceridade de seu filho e abençoe-me sempre.
Com a querida mamãe, com a querida tia e com a nossa irmã Dona Augustinha, receba, querido pai, o respeito e toda gratidão de seu filho,
“Não estamos cogitando de proselitismo e sim de renovação espiritual para aqueles de ânimo e raciocínio amadurecidos para a nova época”
Meu prezado Orimar:
Deus vos ilumine.
Não estranhe o posicionamento a que você se viu conduzido pelas circunstâncias. Por trás das ocorrências construtivas existem alavancas de luz manejadas por Mentores da Vida Comunitária, que objetivam o melhoramento do relacionamento entre os homens.
Quando forças inabordáveis determinaram a sua transferência para Goiânia, de “nosso lado”, o julgamento do jovem Maurício está previsto, com o intuito de acordarmos através da Justiça os novos tempos para as verdades simples da vida.
O progresso tecnológico influenciou de tal modo a cultura cristã, impondo-lhe tantas deformidades pelo quase desapreço da Ciência pela Religião, que as mais nobres inteligências se deixam comandar por ilusões que depredam, de certo modo, todos os ingredientes para a edificação da Terra Melhor de Amanhã.
Poderes enormes são movimentados, em torno da civilização no sentido de se lhe reajustarem os valores e esperamos que as investigações chamadas parapsicológicas possam canalizar para a mente humana a reafirmação dos princípios simples e básicos do Cristianismo. Em verdade, conflitos gigantescos se travam em toda parte, nos quais o materialismo ousadamente se sobrepõe à fé para confundir-lhe os ensinamentos.
Os problemas das comunicações de massa estão exigindo episódios e tarefas que nos reabilitem, no mundo físico, a confiança em Deus e o imperativo da prática das lições de Jesus e por isso mesmo, o processo em que você atuou se elevou à condição de instrumento destinado a despertar milhares de criaturas, sob a hipnose de lamentáveis enganos.
Não se impressione quanto à carga de observações que, sem dúvida, lhe pesará mais intensivamente nos ombros, de vez que muitos companheiros temem a penetração da temática espiritual na Jurisprudência. Efetivamente, a sentença que você exarou com segurança dispensava o concurso da mensagem mediúnica, na qual a “vítima” inocenta o “acusado”.
Entretanto, amigos presentes se detiveram a examinar as folhas 100 e 170 no julgado, induzindo seu espírito analítico e honesto a destacar a importância de ambos os textos para confirmação do seu natural ponto de vista e o resultado benéfico que surgirá de tudo é evidente. Unicamente aqui é que os nossos olhos conseguem divisar as dificuldades de múltiplas ações criminais, em que a penalogia dominante poderia apresentar agentes de misericórdia e compreensão que não comprometessem tanto as vias da comunidade, especialmente dos mais jovens, por vezes segregados indevidamente em longos períodos de isolamento carcerário, sem maiores razões.
Agradecemos a sua coragem, assumindo atitude, perante as declarações do “vivo” e do suposto “morto” a destacar-lhe a importância. Creia que não estamos cogitando de proselitismo e sim de renovação espiritual para aqueles de ânimo e raciocínio amadurecidos para a nova época, que aliás, ao que nos parece, ainda vem muito longe.
Continue estudando quanto possível todos os assuntos que se reportem à sobrevivência da criatura para além da experiência terrestre, porquanto pressionado cortesmente pelos próprios colegas, você será invejavelmente chamado a novos testemunhos de convicção cristã, porquanto é a Doutrina Cristã que se encontra em jogo, nos acontecimentos difíceis dos tempos que correm.
Uma penalogia mais completa se realiza no mundo sobre os alicerces da reencarnação e muitas provas sob nossa atenção na Terra não passam de sentenças cominadas por autoridades que não se domiciliam na Terra, e que conservam consigo o poder de organizar e deliberar sobre o destino e dor no caminho dos seres.
Agradecemos a honestidade com que você não desertou da verdade dos fatos, quando poderia claramente contorná-los.
Aqui se identificam conosco muitos amigos, no mesmo regozijo por seu destemor sem imprudência e pelo seu equilíbrio sem omissão, que lhe valem agora o apreço e o carinho de milhões de pessoas.
Prossigamos.
Em nossa companhia se acham amigos de elevado discernimento espiritual, quais sejam os nossos companheiros Dr. João Augusto de Pádua Fleury, Eduardo Cunha de Bastos, Luiz de Bastos, Monsenhor Joaquim Vicente de Azevedo, Basílio Martins Braga de Serradourada, Dr. Manoel do Couto, Dr. Joaquim Gomes Machado, Gregório Braz Abrantes, Padre Olímpio Pitaluga, Dr. Laudelino, o médico, Dr. João Nunes da Silva e tantos outros amigos e familiares, incluindo o seu irmão Eno Omar, o irmão Argenta, o amigo Henrique Gregoris, o próprio Maurício Garcez Henrique, o irmão Antenor Amorim, o Dr. Luiz do Couto e muitos associados de ideal que se nos afinam com os propósitos de encorajá-lo em sua nova estrada para a frente. Decerto não lhe pedimos uma devoção crônica ao assunto, suscetível de parecer uma introdução ao fanatismo e sim a mente aberta para os horizontes das realidades espirituais, cuja luz, verdadeiras legiões de obreiros do bem tentam hoje acender no caminho das criaturas.
Persista em sua firmeza de caráter e sigamos em frente na certeza de que a revivescência dos ensinos de Jesus é na atualidade um tema a ser reexaminado e anatomizado com prudência e carinho, a fim de que não venhamos a perder tantas conquistas espirituais laboriosamente conquistadas pelo homem, de século a século.
O nosso mentor e amigo Dr. João Augusto de Pádua Fleury foi o seu principal companheiro na apreciação do processo Maurício e nos recomenda-lhe seja dito que toda a sua argumentação em torno do artigo 150 do Código Penal está estruturada com absoluta segurança, para afastar qualquer intenção de culpabilidade ao acusado, pelo que deve o seu pensamento descansar sobre a base legal de sua declaração absolvendo o réu e cumprimenta em você um colega dedicado ao bem e digno por seu próprio caráter para receber o impacto das atuais atenções públicas, permanecendo em sua posição de defensor do bem e julgador de qualquer incidente ligado aos problemas da periculosidade no homem, e o espírito de equidade a iluminar-lhe as resoluções.
Todos rogamos ao Senhor — O Justo Juiz — por sua paz extensivamente à família querida e aos amigos dedicados, permanecendo todos nós a postos, nas lides edificantes em que nos reconhecemos engajados pelos Poderes Maiores que nos governam a vida, a fim de, analisando os processos do campo social, melhorem, quanto possível, os padrões da fé viva em Deus e na dignidade humana.
Que Deus o abençoe e fortaleça, conduza e inspire são os nossos votos.
Adalberto Pereira da Silva.
“O amor vence a morte e vencerá sempre em qualquer ocorrência da vida, porque o amor traduz a presença de Deus.”
“Veia”, abençoe-me. Estamos aqui, firmes na fé.
Dias agitados os nossos de agora. Tantas questões por estudar, tantos apontamentos a fazer. E creia que o problema deslocou muita poeira nos dois Planos.
Refiro-me ao caso Maurício. Ninguém diria que o mocinho que visitei em Anápolis, se convertesse num ponto para tantas interrogações. Gostei do modo simples adotado por ele para descrever a realidade. Tudo espontâneo. Tudo claro.
O nosso respeitado Juiz agiu ao modo de alguém que se visse subitamente fascinado pela verdade pura. Incapaz de evitá-la, ante a nobreza da consciência, o nosso magistrado, num momento de abençoada luz, associou a verdade com a justiça e, sem nenhum propósito de parecer herói ou santo, lavrou a sentença incluindo nela a verdade sem atavios que o interessara.
O assunto, efetivamente, é cativante, mas não posso avançar nessa gleba. Tenho receio de temperar alguma frase com o molho do bom humor com que Deus me fez nascer, e prefiro que o nosso amigo Maurício e os amigos de sua causa se manifestem.
Não posso e nem devo desfigurar a seriedade, em cujo clima o diálogo dos companheiros se desdobra. Aguardemos. Posso, entretanto, dizer que estou contente com a campanha antiódio, na qual me alistei.
Mãe, se desvincularmos os nossos olhos da paisagem na vida física, orientando as nossas pesquisas para o Além, encontraremos uma vastidão de circunstâncias a espraiar-se em qualquer caso, facultando-nos novas interpretações de culpa e culpados.
Você, “Veia”, já pôde vislumbrar, em nossos diálogos, que atravessei doloroso período de luta e sofrimento, ao retomar certas reminiscências.
Aí, no Plano das formas da natureza material, a mente descansa na amnésia temporária e aqui, as terapêuticas para o trato real de nossas necessidades de paz, incluem atitudes que se devem tomar com certas dificuldades de nossa parte.
Eu nunca entendi tanto, quanto agora, aquele ensinamento do Cristo, quando declara o nosso Divino Mestre: (Mt
Parece que em minhas extravagâncias de rapaz não memorizava o que você dizia, em casa, a nosso favor, mas tudo o que aprendi de seus lábios e de seus exemplos está gravado na lembrança.
Você, querida “Veia”, por ilações sucessivas e nos registros de nossos diálogos, já reconheceu, há muito tempo, que fui constrangido a pacificar o meu relacionamento na 5ida Espiritual com o querido papai Gastão.
A natureza é uma oficina de Deus em que todas as peças da experiência humana são refundidas quando necessário. A reencarnação me parece um macete nas mãos dos Orientadores de nossos caminhos.
O amor não é somente aquele poder citado no Evangelho que nos cobre todas as faltas; é igualmente o véu que nos esconde uns dos outros, a fim de que todos os nossos resgates se processem, com a tranquilidade precisa.
Bendita a hora em que a sua mão assinou o pedido de encerramento da apelação da sentença em que, espiritualmente, me achava envolvido.
Agradeci tanto ao Mário Lúcio, fiquei tão emocionado com a adesão do nosso amigo Dr. Wanderley, que muita gente, inclusive corações dos mais nossos, ficaram sem perceber o motivo de minha euforia.
É que com a sua mão que amo tanto, eu mesmo assinei a solicitação que dissipava o grilhão no qual iríamos novamente perder muito tempo, adquirindo, talvez, neblina e cegueira para os nossos próprios olhos por longos dias.
Continuei o movimento e, quanto se me faz possível, com o apoio do meu amigo, o papai Gastão e de outros companheiros dos quais me fizera devedor em épocas passadas, procuro atuar na reconciliação possível de todos os ofendidos e ofensores.
Só com o esquecimento das falhas cometidas contra nós é que dissolveremos as pedras da estrada, suscetíveis de ferir-nos ainda. Quem quiser acalente espinhos no coração.
Você e eu não mais. Estamos num grande momento de nossa vida. Percebemos hoje que os sofredores e os infelizes são nossos irmãos verdadeiros. É preciso haver chorado muito para reconhecer essa verdade com o coração.
Conhecíamos noutro tempo os enfermos do corpo, os abandonados, os que se apresentassem certidão de infortúnio para terem direito à nossa esmola quase sempre arrogante e destrutiva, os últimos das filas nos interesses econômicos e sociais.
Hoje, porém, Dona Augustinha, estamos com a visão interna funcionando. Mais tristes do que os mendigos mais tristes são os nossos companheiros do mundo, tantas vezes bem apessoados e altamente distintos, que carregam culpas e remorsos no coração!
Aquele que estende a mão para recolher migalha do que podemos distribuir dorme tranquilamente ante o céu estrelado, sob cobertores de papel ou descansa sobre uma calçada esquecida ao abandono; entretanto, os irmãos que se reconhecem atormentados por dúvidas e arrependimentos, unicamente a custa dos poderosos tranquilizantes que lhes prejudicam a saúde é que conseguem a fuga artificial de si mesmos, para despertarem no dia seguinte, mais agoniados e desditosos, até se precipitarem nas doenças de caráter obscuro que os matriculam em sanatórios e casa de repouso físico, que às vezes, lhes precedem a instalação nos gabinetes da morte prematura.
Lutei muito, querida mãe, para compreender isso, e hoje peço a Deus para que todas as criaturas se amem umas às outras, declarando perdoadas as faltas reais ou as imaginárias que se atribuem a muitos de nossos irmãos e irmãs da jornada terrestre.
Sei que a realização, por enquanto, na Terra, é muito difícil, mas sei também que a Divina Providência nos fará desmemoriados no mundo, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, até que aprendamos sinceramente, com teoria e prática, a lei divina do perdão das ofensas.
Ainda uma vez, agradeço o carinho com que a sua dedicação me ouviu, agindo publicamente, ao meu lado, para que eu pudesse voltar a ser o seu filho, sempre mais seu e mais livre para dedicar ao seu carinho todo o meu amor, diante do Pai Altíssimo.
Entendo que os agrupamentos sociais “por aí” por muito tempo ainda caminharão na base do “toma lá, dá cá”, numa espécie de maiorias, daquelas que as leis antigas criaram com os princípios do “olho por olho” e do “dente por dente”, (Ex
Os errados são irmãos que necessitam de apoio, os delinquentes são enfermos da alma, ingratos são paralíticos da memória e as inteligência perversas são criaturas enganadas por si próprias, de que as Leis de Deus se encarregarão.
Agradeço a você, mãe do coração, por me haver compreendido. Sabia, de minha parte, que não recorreria debalde à sua proteção. Estamos livres para obedecer a Jesus, estamos independentes para escravizar-nos ao Divino Mestre que nos ensinou a desculpar qualquer ofensa setenta vezes sete vezes. (Mt
Isso tudo é raciocínio que me ocorre, diante do caso do nosso amigo Maurício que soube participar de nosso empreendimento.
Deus é amor para todos e, buscando agradecer a Deus pelo amor que recebemos, devemos de nossa parte cooperar sempre mais com o apoio aos infelizes que, um dia, devem ser felizes ou tão felizes quanto somos.
Peço dizer ao Luiz Antônio que a nossa querida Toca foi transportada para a Vida Maior na condição de uma criança de Deus, regressando ao lar que deixara iluminado e feliz na retaguarda.
Toca foi na Terra esse exemplo de flor oculta que preferia resguardar-se na singeleza e no serviço para conquistar a verdadeira paz.
Quanto ao nosso Rogério, rogo a você, querida “Veia”, dizer aos nossos amigos Aziz e Walquíria que o irmão Alcides tutelou-o na 5ida Espiritual.
Lembro-me de sua emoção na manhã de sete de agosto último, quando o seu coração percebeu conosco que o Rogério estava de partida. Eu mesmo pedi para que você voltasse a casa para não se recordar com tamanha intensidade do filho que era ali, eu mesmo, a preocupar-me com o seu estado de espírito.
A mãezinha de nossa estimada Walquíria recebeu o pequenino e grande amigo nos braços carinhosos, e depois o amigo Alcides o retomou sob seus cuidados especiais.
O amor vence a morte e vencerá sempre em qualquer ocorrência da vida, porque o amor traduz a presença de Deus.
Comigo se encontram o Izídio, que abraça a irmã Laudelina, e o nosso amigo Alvicto, que reafirma à irmã Lélia a sua assistência constante.
O Oscar e o Guimarães estão conosco e todos formamos uma corrente de preces rogando a Deus a paz em auxílio a todos.
E agora, Dona Augusta, é a hora do ponto final. Não direi pra você que será ele pontilhado de lágrimas, porque será hoje burilado com partículas de luz. Estamos ricos de paz e amor, e isso agora é tudo o que seu filho ansiava conquistar.
Abraços ao Eduardo, a quem desejo sucesso nas tarefas escolhidas, e às irmãs e aos irmãos que as desposaram, todo o meu afetuoso agradecimento.
E agora, querida “Veia”, enquanto o Izídio pede à irmã Lau que faça a entrega da melodia do “João de Barro” () à sua querida mãe Dona Leila, peço ao seu carinho ouvir a canção do seu “Menino da Porteira” () que você me auxiliou a abrir para o lado das terras iluminadas de Jesus-Cristo, com a extinção de todo e qualquer ressentimento em meu coração.
Sou agora o Menino da Porteira Aberta para a Bênção de Deus. Graças a Deus e a você, esse hoje é o meu melhor título.
O nosso amigo Alvicto abraça a irmã Lélia e todos somos gratos a quantos aqui nos facultam a possibilidade de escrever esta carta.
“Veia” querida, sou tão pobre de tudo que, se tenho alguma riqueza, essa é a sua dedicação para com seu filho. Sou um Espírito ainda empobrecido que adquiriu imensa fortuna no amor com que você me acolhe.
Receba assim seu filho que vive em seu coração e vem de tão longe, em me referindo ao passado, para agradecer tudo o que o seu carinho representa em meus passos.
Mãe, o filho pródigo da parábola foi recebido pelo devotado pai a que se referia Jesus, pois sou eu o filho pródigo que nunca se afastou de você.
Guarde-me na bênção de suas preces e Deus a recompensará por ser a esperança sempre viva e o amor cada vez mais belo e mais presente para o seu filho, sempre o seu filho do coração,
Querido papai e querida mãezinha Dejanira, abençoem-me.
Venho agradecer a alegria que me deram, concordando comigo em tudo o que eu disse para esclarecer a minha situação. Parece-me que cresci em responsabilidade e estou orgulhoso de ter os pais a quem Deus me confiou, que souberam ouvir-me com o coração e não com as dúvidas e os tumultos do mundo.
Agradeço por todas as demonstrações de carinho e confiança com que me acompanharam nessa jornada luminosa da verdade. O nosso amigo Dr. Orimar de Bastos, será recompensado pelo bem que me fez, reconhecendo-me a palavra de rapaz honesto e leal à verdade. O tempo nos doará muitas alegrias.
Às irmãs queridas e a todos os nossos, os meus votos de felicidade. Entrei numa vida nova, na qual espero a possibilidade de lhes ser útil.
Papai e mamãe, graças a Deus, vencemos.
Muito grato pela imagem dos dois corações substituindo os pratos da balança no símbolo da Justiça. Fiquei muito feliz com as alegrias que colocaram em meu íntimo.
Os nossos amigos Lúcio Dallago e Henrique, e vovô Henrique e outros amigos estão em minha companhia e abraçam a todos os corações, aos quais nos sentimos vinculados.
Querido papai e querida mãezinha Dejanira, Deus os faça sempre felizes. Muitos beijos do filho sempre grato, sempre o filho do coração,
Terceira Carta — psicografada pelo médium Francisco C. Xavier em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG, a 22/9/1979.
Quarta Carta — Psicografada por Francisco C. Xavier, em Uberaba, Minas, a 9/11/1979.