A sessão seguia calma. Harmonia e precisão. Antonico orientava A justa doutrinação. Pelo médium Gabriel, Um Espírito incorporado, Demonstrando imensa dor, Passou ao próprio recado: — Meus irmãos, sou um infeliz, As culpas me custam caro, Os meus erros foram muitos, Imploro perdão e amparo… Prejudiquei muitos órfãos, Muitas viúvas lesei, Fui um ladrão, às ocultas, Tentando enganar a lei… Mandei matar inimigos, Não sei como agi assim, Agora, desencarnado, Minha angústia não tem fim… Ante a pausa que se fez, Disse Antonico, à vontade: — E você queria o Céu Depois de tanta maldade? A vida que você conta É tão imunda e tão feia, Que não quero vê-lo aqui, Ladrão mora é na cadeia… O Espírito, em choro alto Desfez-se em longo lamento: — Meu amigo, tenha dó De meu grande sofrimento!… Antonico replicou: — Não me venha rogar prece; Quem é você que procura Aquilo que não merece? Clamou o comunicante: — Infeliz do homem que cai… Você pergunta quem sou?!… Antonico, eu sou seu pai. |