Meu querido papai, peço ao seu bom coração, bem como a mamãe que me abençoem.
Os Espíritos caridosos do lugar onde me encontro me trouxeram hoje para rever a casinha muito amada, os pais carinhosos e queridos, como o fazem de vez em quando.
Eu estou alegre e peço ao senhor que prossiga confortando a mamãe na sua saudade imensa. Eu também sofri muito com a nossa separação.
O desastre me havia deixado impressões muito dolorosas, mas eu agora sei, como o senhor e mamãe hão de saber, mais tarde, porque tudo aquilo aconteceu.
Tudo foi justo e a minha partida fez com que o seu coração se elevasse a Jesus num caminho de santo fervor. O senhor hoje crê; tem paciência, é amigo das criancinhas.
Eu trazia uma grande saudade de casa, quando escutei na Escola Jesus Cristo aquela história do bezerro que se havia separado de sua mãe. E então compreendi que o senhor e a mamãe atravessaram muitos obstáculos e para irem ter com o filhinho inesquecível encontraram forças para a estrada que vai até Jesus. Penso que o nosso lucro espiritual foi muito grande.
Diga a mamãe que nunca a esqueço. As cousas que me foram ensinadas, em casa, não esqueci em hora alguma. Em todos os momentos difíceis, lembrei-me do bom procedimento que ela sempre desejava de nós.
Tive muita saudade de nossos passeios, de meus estudos que se iniciavam, mas sei que o maninho José Carlos me substituirá muito bem, junto da afeição de todos em casa.
Quando eu não tinha resignação, diziam-me aqui que o senhor e a mamãe são também filhos de Deus como eu, e isso me aliviou. Penso, desse modo, que lhe contando essas cousas o senhor se animará sempre e cada vez mais para o bom trabalho em que se encontra.
Quando for em auxílio dos pequeninos desfavorecidos pelo mundo, mas nunca esquecidos de Deus, o seu coração há de me ver no sorriso de todas as crianças a quem estimar como seus próprios filhos. Eu estarei satisfeito com isso e pedirei a Jesus que conte as vezes que o senhor e mamãe sorriram para os pequenos desamparados e quando for feita essa conta, eu hei de multiplicá-la com o meu coração afetuoso e hão de ver que o Silvinho há de ser atendido pelo céu.
Agradecendo a Jesus essa alegria de lhes enviar uma palavra para casa, em continuação ao pouco que já tenho feito, recebam o beijo do filhinho que hoje é também um seu irmão,
Mais um testemunho da inegável verdade espiritual que afirma a relação contínua entre os dois planos da vida. Sílvio declara na mensagem: “Eu trazia uma grande saudade de casa quando escutei na Escola Jesus Cristo aquela história do bezerro que se havia separado da mãe. E então compreendi que o senhor e a mamãe atravessaram muitos obstáculos…”
Essa história é uma pequena parábola do sadu Sundhar Singh, o célebre filósofo cristão da Índia. Ei-la, em síntese: um camponês, guiando uma vaca e um bezerrinho, desejava atravessar um riacho. Mas à margem do regato a vaca detém-se, não querendo mais traspassá-lo. O camponês, jeitosamente, procura conduzir o animal, mas este, rebelde, continua imóvel. Cansado, depois de vãos esforços, o campônio teve uma ideia, pondo-a em prática. Segurou nos braços o bezerrinho e o levou para a outra margem do ribeiro. Vendo a vaca o seu filhinho do outro lado, dá por finda a sua rebeldia e atravessa o riacho para juntar-se ao seu filho. O sadu relembra que a Providência utiliza esse processo para encaminhar criaturas que se conservam à margem do rio da verdade, não animadas a atravessá-lo. O afastamento de um ser querido para o além produz, muitas vezes, a disposição de amor e obediência às realidades espirituais do outro lado da vida.
Essa é, em síntese, a parábola de Sundhar Singh. E eu a relatei, de fato, há cerca de um ano na Escola Jesus Cristo, mais de uma vez. Uma delas às crianças e outra numa reunião doutrinária de sexta-feira à noite. Numa dessas vezes, ficamos sabendo pela mensagem, esteve presente o Silvinho Lessa, que gostou da analogia do sadu indiano e a ela se referiu em seu comunicado. Por não esquecer de que há materialistas no mundo e não escasseiam os desconfiados, devo esclarecer que o médium Francisco Cândido Xavier não conhecia a parábola do filósofo hindu, nem no momento eu me recordava dessa simples ilustração, há muito citada. É mais uma prova da presença invisível de nossos irmãos libertos da carne, confirmando aquela soleníssima afirmativa do autor da epístola aos hebreus: “Somos cercados por uma nuvem de testemunhas”. (Hb
Acrescento agora o depoimento do pai do menino comunicante, o irmão, diretor de nossa casa, Amaro Lessa:
Esta mensagem é absolutamente autêntica. Por simples afabilidade, não me seria lícito assim afirmar se algum resquício de dúvidas tivesse. Sem sombra de vaidade ou pretensão de sabedoria, mas seguindo as recomendações de Allan Kardec, que nos incita a examinar cuidadosamente as comunicações de além- túmulo, a fim de não cairmos em falsa orientação doutrinária, ministrada por espíritos enganadores, asseguro que me despi da emoção natural para analisar com cuidado o seu teor.
Sílvio deixou a Terra com onze anos incompletos. Cursava, já, o ensino secundário. Sempre fora muito estudioso, comportado e obediente, e em qualquer circunstância mostrava-se estoico para não nos afligir. Tocou em pontos absolutamente desconhecidos, mesmo de muitas pessoas de nossa família, cuja realidade é indiscutível.
Essas pequeninas coisas são poderosas para identificar sua personalidade, como um rigoroso exame de contexto das mensagens instrutivas, de ordem doutrinária, identifica o grau de pureza de propósito dos espíritos que a transmitem, deixando trair a sua origem.
Não venho “soprar na trombeta de Josafá”, como disse Humberto de Campos, para me fazer crido, nem pretender com isso arrumar adeptos para o Espiritismo. Nem o Espiritismo anda a procura de crentes e nem eu de publicidade. Entretanto, assim como a Doutrina tem por finalidade fazer cristãos, sem se preocupar com a religião que abracem, julgo meu dever não esconder sob o alqueire uma luz que poderá iluminar outros corações. Só por isso aquiesci na publicação da mensagem e me externo sobre a mesma.
À semelhança de quem indica um remédio ao doente, sem, contudo, obrigá-lo ao seu uso, eu digo que à luz da revelação espírita ganha-se muito esclarecimento e muito conforto moral.
Sem, todavia, aconselhar a quem quer que seja que perambule por sessões mediúnicas, peço que examinem o maior livro que a humanidade recebeu até hoje: o Evangelho de Jesus Cristo.
Amaro Lessa
Judiciosas palavras que muito acrescentam à rede de confirmações que fazem de nosso querido Chico Xavier uma ponte entre os dois mundos.
Essa mensagem foi também publicada pelo IDE, e faz parte da 9ª lição do livro “”